A Odontologia não está apenas ligada aos problemas que podem acometer os dentes. Ela é muito mais abrangente e lida também com as doenças que envolvem toda a cavidade oral.
Quer saber quais são as principais enfermidades tratadas por um dentista? Então, continue a leitura do post de hoje.
O que é patologia oral?
O termo patologia vem do grego pathos (doença) e logia (estudo, ciência). Assim, podemos definir patologia como a ciência que estuda as doenças. Ela estuda as causas, os mecanismos e alterações morfológicas e funcionais das doenças.
A patologia oral é o ramo da Odontologia que faz o diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças orais e as relaciona com doenças de outras especialidades.
As doenças orais podem ser de origem:
- Infecciosa (vírus, bactérias, fungos);
- Neoplásica (neoplasias benignas ou malignas);
- Traumáticas (físicas, químicas);
- Imunológicas ou auto-imunes (processos alérgicos e auto-imunes);
- E outras.
O cirurgião-dentista, especialista em patologia oral, tem um importante papel no diagnóstico e tratamento de uma grande variedade de pacientes.
O patologista oral pode se relacionar com outras áreas da saúde, como por exemplo, dentistas (estomatologistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, e outros), biomédicos e médicos (patologistas, cirurgiões, dermatologistas, radiologistas, e outros).
Patologias relacionadas a Odontologia
As consequências da falta de higiene oral vão muito além da perda de dentes. Isso porque problemas de saúde oral podem desencadear complicações no nosso organismo em geral.
Ou seja, estas patologias podem afetar vários órgãos ou estruturas, como gengiva, lábios, língua, mucosa interna da bochecha, glândulas salivares e palato.
Abaixo, listamos as principais doenças bucais.
Cárie
Essa é uma das principais doenças orais e também uma das mais comuns em todo o mundo.
A cárie origina-se da ação dos ácidos liberados pelas bactérias quando elas metabolizam os açúcares ingeridos. Esses ácidos são capazes de corroer e romper as estruturas calcificadas do dente (esmalte e dentina).
É, portanto, um processo de desmineralização do dente.
Aftas
As aftas também constituem uma doença comum em todo o mundo. Elas são um tipo de úlcera oral e formam uma pequena ferida esbranquiçada circular, rodeada por tecido avermelhado.
Ocorrem na mucosa da boca e podem ser simples ou múltiplas, mas quase sempre dolorosas ou, no mínimo, causam desconforto. Podem durar até duas ou três semanas.
As aftas se formam a partir de microferimentos causados por alimentos, aparelhos ortodônticos ou por mordidas na mucosa orais.
Essas pequenas feridas expõe parte das células da mucosa e então, nosso sistema imunológico confunde as proteínas das células expostas com bactérias e as atacam, aumentando o ferimento e formando a afta.
Eritema migratório
O eritema migratório é também conhecido como glossite migratória benigna ou, popularmente, como língua geográfica. Trata-se de um distúrbio benigno que aparece na parte superior da língua.
Suas características principais são lesões, como manchas erosivas e avermelhadas. Essas anomalias podem migrar de um ponto para outro na língua, como um mapa geográfico desenhado.
Halitose
A halitose ou mau hálito também é uma das principais doenças orais e atinge cerca de 40% da população mundial.
O problema geralmente é causado pela falta de higiene adequada com os dentes e a língua. Mas também pode ser resultante de infecções orais ou de maus hábitos, como consumo frequente de álcool e uso de tabaco.
Gengivite
A gengivite também é uma das principais doenças orais, que pode prejudicar a beleza de seu sorriso.
Ou seja, ela é uma inflamação da gengiva e, de modo geral, é provocada pela presença de placa bacteriana acumulada sob os tecidos gengivais.
Seus sintomas iniciais são vermelhidão, inchaço, sensibilidade e sangramento gengival, que acontece na hora da escovação ou de passar o fio dental.
Periodontite
A periodontite é a evolução da gengivite não tratada a tempo.
Ou seja, quando ela ocorre, os quadros infecciosos passam das gengivas para os ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes. A perda desse suporte, por sua vez, faz com que os dentes percam a sua inserção, “fiquem moles” e em casos mais graves, “acabam caindo”.
Candidíase oral
A candidíase oral, popularmente conhecida como sapinho, é uma infecção provocada pelo fungo Candida albicans.
Ela caracteriza-se pelo surgimento de placas esbranquiçadas e avermelhadas na cavidade oral na língua e, às vezes, no céu da boca. Pode provocar também pequenas feridas no canto da boca.
Mesmo que seja mais comum em crianças, a candidíase pode surgir em adultos com o sistema imunológico fragilizado, pelo uso de antibióticos ou por outras doenças.
Endocardite bacteriana
A endocardite bacteriana é uma infecção que afeta o coração e pode conduzir o paciente a óbito. É considerada como um dos problemas mais sérios resultantes da má higienização oral.
Trata-se da introdução de bactérias da gengivite na corrente sanguínea e que se deslocam até o coração, provocando danos nos tecidos internos do órgão.
Por essa razão, pacientes cardíacos ou com predisposição à doença devem ser bem cautelosos com a higiene oral e ainda devem consultar o médico e o dentista periodicamente, para evitar maiores problemas.
Qual a diferença entre Estomatologia e Patologia oral?
Muitas pessoas confundem essas duas especialidades da Odontologia.
Estomatologia é a especialidade da Odontologia que diagnostica e trata as doenças oral e de todo aparelho estomatognático.
O aparelho estomatognático é constituído pelos lábios, dentes, mucosa oral, glândulas salivares, tonsilas palatinas e faríngeas e demais estruturas da orofaringe.
O especialista em Estomatologista possui uma atuação bastante clínica. Ele pode atender em consultório, trabalhar em âmbito hospitalar e dar aulas.
Já a Patologia é a especialidade que estuda as doenças que atingem a boca e o sistema estomatognático. Ela envolve tanto a ciência básica, quanto a prática clínica.
Sendo assim, o foco da Patologia é o estudo das alterações estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou podem estar sujeitos a doenças. Por isso, essa é uma especialidade clínica/ laboratorial. O especialista em Patologia geralmente trabalha em laboratórios ou lecionando.
De maneira prática, podemos entender que o Estomatologista é o profissional que faz o diagnóstico e, caso necessário, uma biópsia da região da doença para identificá-la. Assim que realiza a biópsia, ele encaminha o tecido para análise laboratorial.
No laboratório, o especialista em Patologia fará o estudo do tecido e células. Com isso, ele faz o diagnóstico da lesão e encaminha um laudo para o Estomatologista.
O Estomatologista verificará as evidências clínicas e laboratoriais, fechando o diagnóstico do paciente.
Áreas de atuação do Patologista
A Patologia tem como objetivo o estudo laboratorial das alterações da cavidade oral e suas estruturas. Ela visa o diagnóstico final e o prognóstico dessas alterações.
Laboratórios
As áreas de competência para atuação do especialista em Patologia oral incluem a execução de exames laboratoriais microscópicos, bioquímicos e outros, e a interpretação de seus resultados.
São muitas as doenças que se manifestam na cavidade oral.
Essas doenças podem interessar vários órgãos ou estruturas. Sendo assim, o cirurgião-dentista, especialista em patologia oral, tem um importante papel no diagnóstico e tratamento de inúmeros pacientes.
Professor de Curso superior
A carreira de patologista oral pode ser trilhada por meio de especialização ou, academicamente, por meio de mestrado e doutorado.
Os títulos acadêmicos permitem ao profissional lecionar sobre o conteúdo da patologia oral e patologia geral, além de desenvolvimento de pesquisas relevantes à área.
Tipos de Exame em patologia oral
Como já vimos, a Patologia Oral é responsável pela execução de exames laboratoriais microscópicos, bioquímicos e outros, bem como a interpretação de seus resultados.
Abaixo, listamos alguns desse exames.
Exames laboratoriais
Exame laboratorial é o conjunto de exames e testes realizados em laboratórios de análises clínicas. Eles visam um diagnóstico ou confirmação de uma patologia, ou são apenas exames de rotina.
O exame laboratorial é um meio para o dentista tirar suas conclusões a respeito do estado de saúde do paciente. Possui três fases:
- Fase pré-analítica: é feita a coleta, manipulação e conservação do material biológico. É nesta fase onde ocorrem a maioria dos erros. Os fluidos mais comuns para esse tipo de exame são sangue, urina, fezes e expectoração. No entanto, em ambiente hospitalar poderá ser encontrado ainda: líquido sinovial, pleural, céfalo-raquidiano, pus, entre outros.
- Fase analítica: é realizada através de aparelhos automatizados de alta tecnologia e que garantem um maior percentual de acertos e alto número de exames realizados ao mesmo tempo. Este fato permite uma análise em maior escala e propicia aos clínicos uma resposta mais breve do estado fisiológico do paciente, possibilitando uma intervenção mais ágil, aumentando assim a possibilidade de salvar mais vidas humanas. As especialidades analíticas mais comuns são: Hematologia, Microbiologia, Imunologia, Química clínica, Parasitologia.
- Fase pós-analítica: Emissão de laudo.
Além disso, existem diversos fatores que podem interagir com o resultado do exame, resultando em um falso-negativo ou falso-positivo. São eles: medicamentos utilizados pelo paciente, sua resposta metabólica, jejum, transporte do material, centrifugação, metrologia, reagentes, calibração e manutenção dos equipamentos, entre outros.
Exames microscópicos
Na clínica odontológica é comum o cirurgião-dentista se deparar com lesões bucais, em que o diagnóstico não pode ser feito baseado somente no exame clínico e de imagens, como radiografias e tomografias.
Dessa forma, para obter o diagnóstico, é imprescindível, além da realização de uma anamnese detalhada, e um exame físico minucioso, a solicitação de exames complementares mais específicos, como a biópsia.
A biópsia se caracteriza pela remoção de um fragmento de tecido vivo para o estudo microscópico.
Após a realização da biópsia, o material deve passar por um processamento laboratorial, seguido pela confecção de lâminas histológicas, análise e descrição histopatológica do tecido visualizado ao microscópio.
O exame histopatológico permite a análise microscópica dos tecidos. Ele tem a finalidade de informar ao clínico a natureza, a gravidade e a extensão das lesões, além de sugerir ou confirmar o diagnóstico de determinada doença.
Desta forma, este exame permite definir o correto diagnóstico, direcionando o dentista para o tratamento adequado da lesão.
Em geral, a biópsia é um procedimento cirúrgico simples realizado no consultório odontológico, sem necessidade de internação.
Exames bioquímicos
Os exames bioquímicos são medidas objetivas do estado nutricional e são usados para detectar deficiências subclínicas e para confirmação diagnóstica.
Alguns fatores limitam o uso desses indicadores na avaliação do estado nutricional, como por exemplo, a utilização de alguns medicamentos, condições ambientais, estado fisiológico, presença de estresse ou inflamação.
Os exames bioquímicos mais utilizados na prática clínica são: albumina sérica, contagem total de linfócitos ou linfocitometria, índice creatinina-altura (ICA) e colesterol sérico.
A importância da patologia oral para sua clínica
As manifestações orais são muito comuns e podem ser os primeiros sinais e sintomas de doenças ou de alterações sistêmicas.
Essas lesões orais podem indicar o início ou evolução de alguma enfermidade. Portanto, podem funcionar como um sistema de alarme precoce para algumas doenças.
Ou seja, como a boca representa claramente um importante reservatório de microorganismos, estes podem causar doença sistêmica.
Além disso, infecções orais, geralmente, são assintomáticas e podem resultar em bacteremia, apesar da ausência evidente de sintomas. Além das doenças infecciosas, existem as doenças auto-imunes, síndromes e outras lesões bucais.
Portanto, com base nessas informações e no objetivo principal da prática em saúde, que é a produção do cuidado para a melhora da qualidade de vida das pessoas, entende-se que é imprescindível que os profissionais de saúde estejam atentos para tais manifestações e seu tratamento.
Por isso, é muito importante ter um patologista bucal em sua clínica.
Quais os melhores cursos de especialização em patologia Oal?
A Patologia Oral é um componente curricular imprescindível no Curso de Odontologia e em cursos de Especialização.
Residência em Área Profissional da Saúde – Patologia Oral e Maxilofacial – UFAM
A UFAM – Universidade Federal do Amazonas oferece o Programa de Residência Multiprofissional e em Área Profissional em Saúde (PRMPS), que é definido como pós-graduação lato sensu, destinado às profissões que se relacionam com a saúde, sob a forma de curso de especialização.
É caracterizado por ensino em serviço com carga horária de 60 horas semanais, em dedicação exclusiva, e os candidatos não podem realizar outras atividades profissionais no período de estudo. É orientado por profissionais de alta qualificação.
Além disso, o PRMPS tem como finalidade capacitar profissionais de saúde, visando à inserção qualificada para atuar em sistemas e serviços de saúde.
A proposta volta-se para a formação de um profissional crítico, reflexivo sobre os processos de trabalho em saúde, capacitado para entender e responder às necessidades e demandas de saúde dentro da realidade social regional.
Os residentes terão como cenário de atividades práticas, em princípio, o Laboratório de Anatomia Patológica – DPML/UFAM, desenvolvendo ações voltadas para as estratégias de saúde do local e dos programas em parceria com a comunidade. Além disso, outros cenários de atividades práticas serão incluídos no decorrer do programa, conforme a necessidade de ações pedagógicas, avaliadas conforme consta no programa.
Pós-Graduação em Patologia Oral – UNIP
A Pós-Graduação em Patologia Oral da UNIP – Universidade Paulista, tem como objetivos capacitar o cirurgião-dentista a atuar como especialista em Patologia Oral.
O curso aborda os aspectos histopatológicos das diversas doenças da boca, bem como sua etiologia, evolução, características clínicas e tratamento a partir de aulas teóricas, práticas laboratoriais e clínicas com atendimento de pacientes.
Além disso, o enfoque é dado às mais modernas ferramentas para o diagnóstico, incluindo imunoistoquímica e técnicas de biologia molecular.
Visa também capacitar o cirurgião-dentista a atuar como Patologista Oral em laboratórios de Anatomia Patológica, na definição do diagnóstico histopatológico de peças cirúrgicas removidas da cavidade oral e estruturas anexas.
Pós-Graduação em Patologia Oral – USP
A Pós-Graduação em Patologia Oral da USP – Universidade de São Paulo tem como linhas de pesquisa:
- Terapias Aplicadas à Odontologia;
- Biologia e Engenharia do Aparelho Estomatológico;
- Diagnóstico e Prognóstico em Odontologia.
Vale a pena buscar mais informações sobre sobre essa especialização, diretamente com a universidade.
Patologia Oral e Estomatologia para o Clínico – Portal Educação
O curso livre de Patologia Oral e Estomatologia para o clínico é voltado para profissionais e estudantes da área da saúde, em especial de Odontologia, que têm interesse no estudos e investigação de processos patológicos no complexo maxilo-mandibular. A carga horária é de 80 horas.
Os cursos do Portal Educação é EaD – Educação à Distância, com animações e games (do tipo quiz) que estimulam a interatividade e a interação.
O Portal Educação oferece cursos livres, de atualização e qualificação profissional. São destinados a proporcionar ao profissional conhecimentos que permitam o desenvolvimento de novas competências e não exigem escolaridade anterior.
O MEC – Ministério da Educação trata da política nacional de educação em geral, mas autoriza apenas cursos de graduação e pós-graduação. Os cursos técnicos e profissionalizantes são autorizados pelas Secretarias Estaduais de Educação.
Principais livros sobre Patologia Oral
Por meio de uma rápida pesquisa na internet, é possível identificar os principais livros sobre Patologia Oral. Listamos alguns deles aqui.
- Patologia Oral e Maxilofacial – Brad W. Neville e Douglas D. Damm;
- Diagnóstico Em Patologia Bucal – Maria Helena Martins Tommasi;
- Fundamentos de Patologia e Medicina Oral de Cawson’s – E. W. Odell e R. A. Cawson;
- Abeno – Patologia Oral – Oslei Paes de Almeida;
- Tratado de Patologia Bucal – William G. Shafer;
- Compêndio de Diagnóstico das Patologias da ATM – Jorge Alfonso Learreta;
- Atlas de Patologia Oral – Sook-bin Woo.
Quanto ganha um Patologista oral?
Um cirurgião-dentista, especializado em Patologista Oral, ganha entre R$ 1.945,85 (média do piso salarial 2020 de acordos, convenções coletivas e dissídios) e R$ 2.132,00, no mercado de trabalho brasileiro, para uma jornada de trabalho de 28 horas semanais.
Conclusão
Portanto, no texto de hoje, conhecemos a Patologia Oral, área da Odontologia que faz diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças orais.
Muito relacionada a outras atividades ligadas à saúde, como a medicina e biomedicina, essa especialidade é extremamente importante para a identificação correta de um problema oral.
Tem interesse por essa área da Odontologia? Existem muitos cursos de especialização no país.