Limas endodônticas: o que são, para que servem e principais tipos

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No tratamento endodôntico possuímos algumas etapas fundamentais para seu sucesso. Uma delas é a limagem. Nesse processo, as limas endodônticas são introduzidas no canal radicular para formatá-lo.

As limas endodônticas são instrumentais específicos da endodontia que possuem a finalidade de analisar e retificar a curvatura dos canais radiculares, assim como retificar suas irregularidades ou alargá-los.

A utilização das limas endodônticas depende de cada caso  e da metodologia do endodontista, já que existem profissionais mais conservadores que outros. Por isso preparamos esse texto para você que quer saber mais sobre as limas endodônticas. Vamos lá?

O que são as limas endodônticas?

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As limas endodônticas são instrumentais específicos da endodontia que possuem a finalidade de analisar e retificar a curvatura dos canais radiculares, assim como retificar suas irregularidades ou alargá-los.

Atualmente, para cada tipo e canal existe um modelo específico de limas endodônticas, com design adequado ao procedimento que será realizado. Existem vários tipos de limas hoje utilizadas na Odontologia. Podemos citar como exemplo: limas reciprocantes; rotatórias; manuais; tipo k (kerr ou k-file); flex; hedstroen ou oscilatórias.

Algumas características da lima são importantes de serem observadas, vejamos abaixo:

Sua classificação

As limas endodôntica se dividem em 4 grupos:

  • Grupo 1. Instrumentação para preparar o canal de maneira manual.
  • Grupo 2. Instrumentação para preparar o canal de maneira mecanizada ou rotatória.
  • Grupo 3. Trépanos para usar-se de forma mecanizada (fresas Peso, Gates glidden, etc.).
  • Grupo 4. Instrumentos e materiais para a obturação do canal (cones de papel, condensadores, etc.).

Classificação ISO

Nem todas as limas cumprem os requisitos para entrar nesta classificação. Para que formem parte dela, devem cumprir o seguinte:

  • O calibre da lima se numera do 10 ao 100, com saltos de cinco unidades até o tamanho 60 e saltos de dez unidades até o tamanho 100.
  • As bordes cortantes começaram na ponta do instrumento com denominado diâmetro 0 (D0) estendendo-se exatamente 16 milímetros até a haste, terminando no diâmetro 16 (D16).
  • O diâmetro de D16 será 32/100 ou .32 mm. maior que o de D0
  • Estas medidas asseguram um aumento constante na conicidade de 0.02 mm por cada instrumento sem importar o tamanho.
  • O ângulo na ponta deve ser 75º ± 15º.
  • Os números 6 e 8 se agregaram mais recentemente para uma maior versatilidade.

Número de usos de cada lima

É fundamental quantas vezes pode-se utilizar a mesma lima. Isso porque o instrumental entra em fadiga e essa fadiga pode gerar fraturas e complicações clínicas.

O importante aqui é seguir as normas dos fabricantes, descartando o instrumento depois do primeiro uso.

Usar uma ponta ativa ou inativa?

O uso de uma lima de ponta ativa ou inativa depende do caso. As pontas inativas talvez sejam mais seguras já que com ela é mais difícil perfurar o canal pela passividade de sua força no corte, enquanto que a ponta ativa tem propriedade auto-perfurante.

O bom conhecimento de todos os fatores relacionados aos instrumentos ajuda a diminuir os riscos operacionais decorrentes do seu uso, tais como: fraturas, degraus, perfurações laterais, zipers e etc.

Sendo assim, o mais importante ao se utilizar uma lima endodôntica é entender bem as etapas do tratamento, realizar um bom diagnóstico e planejamento individualizado para cada caso.

O que é a endodontia?

Endodontia é uma especialidade que trata da parte interna do dente, ou seja, ela envolve o tratamento de toda essa estrutura também conhecida como polpa dentária.

O principal objetivo dos endodontistas é a preservação do dente por meio de prevenção, diagnóstico, prognóstico, tratamento e controle das alterações da polpa e dos tecidos perirradiculares.

Podemos dizer que a Endodontia é a área da Odontologia que mais se beneficiou com o avanço tecnológico, sobretudo na última década, possibilitando oferecer tratamentos mais fáceis, rápidos, seguros e responsáveis.

A percepção de que o tratamento endodôntico é dolorido e demorado vem sendo desconstruída, pois atualmente a população tem buscado o tratamento endodôntico com maior tranquilidade, compreendendo a sua importância não só para a saúde oral como para o seu bem estar como um todo.

Os principais sintomas que indicam ao paciente a necessidade de procurar um endodontista são:

  • Dor de dente persistente e que pode ser potencializada com a ingestão de alimentos frios ou quentes;
  • Dor no maxilar superior ou na mandíbula, que é reflexo da dor do dente inflamado e pode até mesmo causar dores de cabeça e de ouvido;
  • Trauma aparente como dentes escurecidos, que podem ser um sinal de infecção;
  • Inchaço e aparecimento de bolhas de pus ou de sangue ao redor do dente inflamado;
  • Dificuldade para mastigar por conta do inchaço ao redor do dente;
  • Exposição do nervo causado por alguma fratura no dente.

Para que servem as limas endodônticas?

A principal finalidade das limas endodônticas é realizar o processo de limagem, ou seja, movimentos de introdução no canal radicular, pressão na parede do canal radicular e remoção. O corte ou desgaste ocorre no momento de remoção, retirada ou tração.

A limagem amplia o canal radicular de forma menos regular quando comparada aos movimentos giratórios. Além de ampliar as limitações, conformam o canal, ou seja, removem irregularidades e promovem um formato ideal para encaixe do material obturador.

Veja abaixo algumas das principais funções da lima endodôntica:

  • Preparo do canal endodôntico;
  • Alargamento do canal para que o mesmo possa ser fechado de forma adequada;
  • Moldar o canal após alargar;
  • Introduzir e remover qualquer material ou substância do canal;
  • Remover o nervo de dentro do canal;

Como usar as limas endodônticas?

Resumidamente podemos dizer que o tratamento de canal é aquele realizado na parte interna do dente em que há a extração da polpa, também chamada de tecido mole. Esse tecido pode estar inflamado, infectado ou até mesmo morto, dependendo do estágio que a inflamação se encontra.

Após essa remoção, o endodontista preenche o canal com a obturação para proteger a abertura feita de outras infecções e bactérias, mantendo a funcionalidade e estética do dente.

Esse procedimento pode ser realizado em mais de uma visita ao dentista, mas isso vai depender da gravidade do caso, e somente um especialista poderá prever o que acontecerá durante esse tipo de tratamento.

O tratamento de canal é indicado para quem possui uma cárie profunda ou quando há alguma lesão ou inflamação no dente ou ainda algum tipo de trauma.

Normalmente, a intervenção endodôntica é realizada com duas ou mais visitas ao consultório odontológico, dependendo da avaliação feita pelo profissional após avaliar o quadro de cada paciente.

Com a modernização das técnicas e dos materiais utilizados na Odontologia, é possível realizar o tratamento de canal de forma indolor e com uma execução mais rápida, sem que isso comprometa a sua qualidade.

De maneira geral podemos dizer que o tratamento de canal consiste na abertura para remoção total da polpa dentária, com preenchimento por um cone flexível (feito de material biocompatível), finalizando com uma obturação. Conheça abaixo as principais etapas de um tratamento endodôntico.

  • Abertura da coroa do dente: o tratamento se inicia com a criação de um acesso à parte interior do dente, feito por meio de uma abertura na parte posterior dos dentes frontais ou na região da coroa dos dentes posteriores, molares ou pré-molares.
  • Remoção da polpa dentária: na mesma consulta, o endodontista remove toda a polpa dentária, formada pelos nervos, vasos sanguíneos e tecido conjuntivo, para que seja feita a desinfecção dos canais dentários.
  • Tratamento do canal: é realizada a limpeza e desinfecção do canal dentário, removendo todas as possíveis fontes de contaminação e fazendo o selamento da raiz, preparando a parte interior do dente para o preenchimento com o material curativo e obturador.
  • Restauração temporária: é feita uma restauração temporária para fechar a abertura realizada na coroa do dente e proteger toda a estrutura interna.
  • Preenchimento e restauração definitiva: em uma segunda consulta, a restauração temporária é removida para que os canais dentários sejam preenchidos por um material flexível em formato de cone, fixado com um cimento cirúrgico, restabelecendo o formato e a aparência natural dos dentes.

As limas endodônticas utilizadas no tratamento endodôntico devem seguir um passo a passo ou sequência ideal para formatação do canal. De maneira geral, são utilizadas lima mais fina e flexível no início do preparo dos condutos, passado a climas mais calibrosos e rígidos ao final do preparo.

Quais os tipos de limas endodônticas?

limas endodonticas paciente

As limas tradicionais de uso manual podem ser divididas de acordo com três classificações: limas do tipo Kerr, as limas tipo flex e as hedstroem.

Visualmente não é possível diferenciar cada uma delas. O que difere é apenas a marcação que existe no cabo. A referência da lima Kerr é um quadrado desenhado e na flex um triângulo.

No caso da Hedstroem é um pouco mais fácil distinguir, porque a parte ativa da lima parece um parafuso, embora em algumas tenham a identificação no cabo de um círculo ou vírgula. Veja abaixo as diferenças entre as limas tradicionais de uma maneira mais específica.

Lima manual do tipo Kerr

As limas tipo K também são conhecidas como Limas Tipo Kerr, nome de uma das indústrias fabricantes de instrumentos endodônticos.

Essas limas possuem hastes de secção quadrangular que, quando retorcidas, apresentam espirais de passo curto, formando um ângulo entre as lâminas e o longo eixo do instrumento de 45 graus.

Se comparadas aos alargadores, possuem maior número de espiras por unidade de comprimento. Suas extremidades são determinadas pelo prolongamento destas espirais, terminando em ponta aguda, formando o guia de penetração, que possui a forma de uma pirâmide de base quadrangular.

Possuem um menor poder de corte quando comparadas às Limas Flexofile, uma vez que possuem ângulo de corte das espiras mais abertas.

São conhecidas pelo desgaste na dentina quando aplicada com movimentos contínuos e uniformes de penetração e retirada no interior do canal radicular (vai e vem), fazendo-se pressão contra as suas paredes e não excedendo a amplitude máxima de 2 milímetros.

E essa dupla ação de alargamento (ampliação uniforme e circular por cinemática de rotação) e de desgaste (ampliação não uniforme por cinemática de limagem) que a torna tão versátil a ponto de executarmos qualquer função específica de outros instrumentos, se bem que com menor propriedade ou rendimento.

Lima manual do tipo Flex

Empregadas na instrumentação dos canais radiculares, são mais flexíveis que as limas tipo K, sendo mais indicadas para canais curvilíneos. São produzidos a partir de haste de secção transversal triangular, em aço especial o que garante grande flexibilidade.

Esse tipo de lima apresenta poder de corte maior do que as Limas Tipo K, uma vez que possuem ângulo de corte das espiras mais agudos. A Lima FlexoFile tendo seção transversal da haste triangular possui ângulo do vértice do triângulo e, portanto, da borda cortante da espira de 60 graus.

A flexibilidade torna esse instrumento o mais indicado para a instrumentação de canais curvos, facilitando a terapêutica e diminuindo os riscos operacionais.

Lima manual do tipo Hedstroem

São instrumentos que possuem haste de secção transversal circular torneadas em forma de vírgula, dando características espiral à parte ativa, sob forma de pequenos cones superpostos e ligeiramente inclinados.

As partes cortantes dessa lima ficam nas bases dos cones. Essas bases são voltadas para o cabo e formam um ângulo de 60 graus com o longo eixo do instrumento.

As Limas tipo Hedströen possuem uma excelente capacidade de corte quando são aplicadas com cinemática de limagem. Sua capacidade perfurante é nula, devido ao seu guia de penetração ser de forma cônica. Assim, elas são essencialmente raspadoras.

Outros tipos de limas endodônticas

Além das limas citadas acima, ainda temos no mercado outros tipos de instrumentais, por isso é importante você estar atento e conhecer todos eles.

As Limas Golden Medium são instrumentos com as mesmas características das Limas Flexo-File exceto pela numeração que é intermediária e pela apresentação comercial.

Essas limas foram propostas para resolver o desafio da ampliação de diâmetro “D1” de um instrumento para o outro subseqüente.

Já as limas Nitiflex são construídas com liga metálica de Níquel-Titânio. Estes instrumentos são indicados para a instrumentação de canais com curvatura muito acentuada devido à sua grande flexibilidade.

Outro tipo de lima endodôntica são as limas Lima K-Flex. São fabricadas a partir de haste de secção transversal losangular que, quando retorcida, forma uma espiral. Os losangos apresentam dois ângulos maiores que 60 graus e outros dois, menores que 60 graus.

Esses dois ângulos menores que 60 graus provêem uma capacidade de corte ainda maior que as Limas Flexofile. A secção transversal losangular provê uma flexibilidade maior que as limas convencionais de mesmo calibre.

Como esterilizar as limas endodônticas?

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A presença de microrganismos exerce papel importante na etiologia das patologias endodônticas. Para tanto, alguns cuidados devem ser tomados para a  execução e sucesso do tratamento endodôntico.

Por isso, o processo de esterilização das limas é tão importante! Importante para o controle de biossegurança e para o controle das propriedades físicas dos materiais e assim evitar fraturas ou danos nos instrumentos que comprometam a eficácia do tratamento.

De acordo com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as limas endodônticas devem ser, preferencialmente, esterilizadas. O meio mais utilizado para a esterilização é a autoclave, pois é altamente efetivo e barato. Para realizar a autoclavagem das limas é necessário armazená-las da maneira correta.

Para isso, encontra-se no mercado nacional organizadores de limas endodônticas Endo-File para autoclavagem que visam agilidade no processo de instrumentação, fácil manutenção e prevenção de contaminação cruzada.

Alguns estudos científicos afirmam que o uso de organizadores de lima são eficazes em organizar e esterilizar limas endodônticas e são capazes de mantê-las aptas para o uso clínico por até 30 dias.

As embalagens recomendadas para a esterilização em autoclave são o papel grau cirúrgico, papel crepado, tecido não-tecido, tecido de algodão cru (campo duplo), vidro e nylon, cassetes e caixas metálicas perfuradas. Embalagens compostas de papel grau cirúrgico devem ter o ar removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão de calor e de umidade.

Para manter o material esterilizado recomenda-se que o instrumental deve ser armazenado em local exclusivo, separado dos demais em armários fechados, protegido de poeira, umidade e insetos, e a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede.

Conclusão

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As limas endodônticas são instrumentais específicos da endodontia que possuem a finalidade de analisar e retificar a curvatura dos canais radiculares, assim como retificar suas irregularidades ou alargá-los.

De maneira geral são utilizadas no início do tratamento endodôntico e devem seguir um passo a passo ou sequência ideal para formatação do canal. Existem vários tipos de limas e sistemas que podem ser utilizados.

A sua correta indicação e uso depende do caso clínico e da expertise e preferência profissional do endodontista. Sendo assim, é importante estudar sempre, estar atento a novos tipos de materiais e saber a fundo suas indicações, vantagens e desvantagens de uso.

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