Você, dentista, sabe como proceder na primeira consulta da criança?
As crianças merecem toda a atenção e respeito durante os atendimentos, seja para uma avaliação, intervenção ou mesmo a realização do tratamento propriamente dito.
Portanto as crianças devem ser atendidas por profissionais altamente especializados, e na Odontologia são os odontopediatras os responsáveis por nossos pequeninos.
Vamos agora falar sobre esse momento especial: a primeira consulta odontológica, ou seja, a primeira vez da criança no seu consultório. Continue acompanhando todos os detalhes.
O que fazer na primeira consulta de Odontopediatria?
Na primeira consulta odontológica, é super importante ouvir o paciente ou o responsável pelo paciente, ou ainda, ambos. Ouça-os com atenção!
Esse momento é fundamental para conhecer o paciente, estabelecer vínculo e ganhar a confiança um do outro. Esse momento será a base de todos os próximos encontros.
Entenda porque o paciente foi até você. O que há de especial naquele momento. Afinal, a primeira ida ao consultório odontológico é um momento marcante para a vida dos pais e dos filhos. E se você foi escolhido para fazer parte desse momento, faça ser especial.
Normalmente a avaliação clínica é realizada na primeira consulta, além dela é feita toda a orientação quanto aos hábitos alimentares, hábitos relacionados à higienização oral, e produtos indicados para a faixa etária.
Ainda na primeira consulta, é possível passar informações como a retirada de mamadeiras e chupetas, como lidar com o hábito de sucção de dedos, entre outras informações para uma boa saúde oral.
A partir de qual idade você deve atender no seu consultório?
A atenção à saúde oral da criança começa antes do seu nascimento, no pré-natal odontológico realizado pela mãe. Nessa consulta, além dos cuidados relativos à sua saúde oral durante a gravidez, a gestante deve receber as orientações para o cuidado e higienização da boca do bebê antes dos dentinhos nascerem.
Para a criança, a primeira consulta odontológica deve acontecer a partir da erupção (“nascimento”) do primeiro dentinho de leite.
Para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as consultas iniciais, em geral, são destinadas à orientação dos pais e preparação psicológica da criança. Essa preparação é essencial e faz toda a diferença para a relação da criança com o dentista e com a sua saúde oral por toda a sua vida.
Isto porque quando a criança é acostumada com o acompanhamento odontológico, ela reage às intervenções clínicas necessárias no futuro com muito mais tranquilidade e sem medo.
Por outro lado, quando os pais deixam de levar os filhos ao dentista e estes estão com problemas orais. O risco de uma relação traumática é grande quando, na primeira vez, a criança já chega ao consultório com dor e tem que sentir algum desconforto ao realizar o tratamento.
A periodicidade das consultas deve ser avaliada pelo odontopediatra, podendo variar de acordo com cada caso. Em geral, o retorno de seis em seis meses é o mais recomendado.
O que você, dentista, não pode deixar de fazer na primeira consulta da criança?
A primeira consulta odontológica é importante para ouvir o paciente ou o responsável pelo paciente, ou ainda, ambos. Ouça-os com atenção!
Ouvir, entender e compreender cada um é imprescindível para o próximo passo do atendimento e para uma boa relação entre paciente e profissional.
Nunca julgue a relação entre pais e filhos, o profissional/odontopediatra nesse momento deve mostrar a importância da saúde oral para todos, e o que esse bem estar proporciona na vida da família como um todo.
– Conversar com os pais e com a criança
É na primeira consulta, o momento de o dentista conversar com os pais, para fazer um acordo sobre a sua presença no consultório. A separação arbitrária dos pais na sala de espera pode instigar um problema de adaptação comportamental antes que se tenha iniciado um bom relacionamento com a criança.
A mãe de uma criança maior que três anos de idade deve estar preparada para deixar o consultório quando a criança não se comportar de acordo com o necessário para o atendimento/procedimento.
Este acordo deve ser estabelecido entre a mãe e o dentista/odontopediatra, e antes que a criança sente na cadeira odontológica. É importante que a criança participe desse acordo.
Em Odontopediatria é fundamental a relação de cumplicidade com os pais, pois eles são os maiores aliados do profissional para com os hábitos saudáveis, bem como na prevenção e enfrentamento de novas situações, como no caso do atendimento odontológico.
Antes de se admitir os pais na sala operatória, eles devem ser informados sobre a maneira de se comportarem, de modo que a equipe possa assegurar que a criança permanecerá no centro das atenções.
Enfim, não existe regra geral sobre a presença ou não dos pais, e cada profissional deve proceder diante da individualização de cada situação.
– Orientar os pais sobre os cuidados com a saúde oral da criança
Uma dentição perfeita se cria desde a primeira infância, com cuidados específicos para a formação de hábitos que irão permanecer na vida adulta. Crianças com dentes fortes e saudáveis serão adultos com dentição permanente saudável.
Portanto, a responsabilidade básica cabe aos pais, que devem ajudar os filhos a cuidar dos dentes e criar bons hábitos de escovação, na higienização oral do dia a dia.
Para cuidar da saúde oral dos filhos, os pais também precisam oferecer a eles uma dieta saudável e equilibrada, com pouco açúcar e amido, além de estimular o uso do fio dental, e ir ao dentista regularmente.
A partir do aparecimento do primeiro dentinho de leite no bebê, é preciso seguir uma rotina de cuidados básicos, como limpá-lo com uma escova bem macia ou com uma gaze, cuidadosamente.
À medida que o bebê cresce, torna-se necessário escovar os dentinhos com um produto adequado, especialmente desenvolvido para essa faixa etária e com a concentração ideal de flúor. O hábito de escovar os dentes três vezes ao dia precisa ser estimulado e transformado em algo que a criança aprecie.
Para as crianças, a obrigação de escovar os dentes não é algo natural e nem agradável, a não ser que os pais criem essa rotina prazerosa e legal junto com os filhos desde pequenos.
Quando pais e mães conseguem isso, proporcionam benefícios para o resto da vida dos filhos, e nesse aspecto nada melhor do que dar o exemplo. Os pais precisam mostrar que cuidam bem dos próprios dentes, e isso é importante para o bem estar deles.
O que é feito na primeira consulta odontológica?
É na primeira consulta, o momento em que o profissional deve conquistar a confiança da criança. Conversar e orientar os pais. Tudo é explicado desde o início, porque a separação arbitrária dos pais e a criança, entre o consultório e a sala de espera pode instigar um problema de adaptação comportamental antes que se tenha iniciado um bom relacionamento com a criança.
Ainda na primeira consulta faz-se a anamnese livre e/ou dirigida. Vamos agora falar um pouco sobre a anamnese dirigida, continue nos acompanhando.
– Anamnese dirigida
A anamnese dirigida funciona como um roteiro. As perguntas formuladas são direcionadas ao paciente ou responsável. Esse processo diminui a chance de que alguma informação seja esquecida ou passe despercebida. Esse é o método mais utilizado pelos profissionais da área da saúde.
Para a realização da anamnese é utilizada a técnica do interrogatório cruzado (o examinador conduz as perguntas) e a técnica da escuta (o paciente ou responsável relata as preocupações pessoais).
Veja agora os passos da anamnese. Lembrando que para realizar a anamnese da criança, os pais são as peças principais. Pois são eles, quem irão fornecer a maioria dos dados.
Passos da Anamnese:
- Identificação do paciente (nome, idade, sexo, cor, estado civil, profissão, endereço)
- Queixa principal (relatada pelas palavras do paciente)
- H.D.H. História da doença atual (histórico completo e detalhado da queixa do paciente)
- História de precedentes odontológicos (histórico das ocorrências de origem dentária, tratamentos já realizados e sintomas da ATM articulação temporomandibular)
- História médica (informações sobre doenças sistêmicas)
- Antecedentes familiares (doenças associadas à genética)
- Hábitos nocivos e higiênicos (tabaco, alcoolismo)
Manobras clássicas:
- Inspeção: avaliação visual
- Palpação: palpar estruturas extraorais (cadeias linfáticas) e intraorais
- Percussão: diagnóstico relacionados a odontalgias
- Auscutação: aferir pressão arterial e avaliar estalidos da ATM
- Olfato: odor exalado por determinadas lesões
Exame Intraoral
- Avalia-se dente a dente: estrutura dental remanescente (cáries, erosões, abfrações e fraturas)
- Avaliação oclusal e patologias associadas
- Rebordo mandibular
- Aspecto gengival (cor e textura da gengiva, presença de sangramento e/ou pus)
Todas as observações devem ser anotadas em ficha clínica, datadas, assinadas por ambos (profissional e responsável pelo paciente). Lembre-se que o prontuário clínico é a base de tudo, e a partir deste, programa-se o início e/ou sequencia do tratamento.
– Exame clínico
O termo “exame clínico” compreende a dois processos: a história clínica relatada pelo paciente ou responsável, e o exame clínico feito pelo profissional, direto na boca do paciente.
Já os exames radiográficos e a tomografia computadorizada, por sua vez, servem para auxiliar o profissional a realizar o diagnóstico e consequentemente o plano de tratamento.
É preciso informar ao paciente sobre todos os passos do exame; respeito e empatia durante a realização do mesmo são essenciais para o cuidado com o próximo.
Ao exame clínico, o profissional examina dente a dente do paciente. Avalia as condições individuais de cada elemento dentário. Preenche a ficha clínica, analisa os dados colhidos e complementa com pedido de exames radiográficos.
Com todos os dados reunidos, consegue realizar o diagnóstico e planejamento clínico do paciente, dando início a sequencia do tratamento odontológico.
– Profilaxia
A profilaxia dentária é também conhecida como a limpeza dos dentes. Esse procedimento pode ser realizado por um dentista ou por um técnico em higiene oral.
Idealmente a profilaxia em crianças deve ser realizada por um odontopediatra. Dentista especializado em crianças, para lidar com todos os manejos necessários durante o atendimento.
A profilaxia ou limpeza dos dentes consiste na remoção da placa bacteriana, assim como do tártaro e de manchas superficiais nos dentes. O polimento dental é feito com pasta profilática, escova de Robson e caneta em baixa rotação. Enquanto a raspagem do tártaro, pode ser realizada com cureta manual. A aplicação do flúor é aplicada ao final do procedimento.
Alguns profissionais realizam a profilaxia ao longo da primeira consulta. Essa conduta é individual, cada profissional determina sua forma de trabalho. Idealmente marca-se uma consulta para a profilaxia. E demais consultas para continuidade do tratamento.
Seguimos com algumas dicas para serem seguidas ao longo da primeira consulta.
Dicas para acalmar as crianças durante a primeira consulta
Familiarizar a criança com o ambiente do consultório é fundamental. Para uma boa experiência, o ideal é que o consultório tenha elementos lúdicos que se aproxime do seu mundo.
É preciso transformar a primeira consulta em um momento leve. Promover a distração com histórias, brincadeiras, canções que a criança gosta. Dar atenção às crianças durante todo o atendimento.
A técnica do reforço positivo também é sempre uma boa opção. Ou seja, elogiar a criança sempre após um bom comportamento.
– Procure conversar antes com a criança
É super importante ouvir o paciente ou o responsável pelo paciente, ou ainda, ambos. Esse momento é fundamental para conhecer o paciente, estabelecer vínculo e ganhar a sua confiança. Esse momento será a base de todos os próximos encontros.
Entenda porque o paciente foi até você. O que há de especial naquele momento. Afinal, a primeira ida ao consultório odontológico é um momento marcante para a vida dos pais e dos filhos. E se você foi escolhido para fazer parte desse momento, faça ser especial.
Converse com a criança, use a linguagem ideal para a idade dela. Explique tudo o que será feito, passo a passo, e transforme em um momento especial e leve. Afinal, ir ao dentista deve ser prazeroso. Nossos pequeninos devem aprender desde cedo a importância de cuidar da sua saúde oral.
– Apresente os aparelhos que vai usar
O método dizer-mostrar-fazer é adotado no atendimento infantil. O odontopediatra apresenta os equipamentos utilizados durante a consulta, através de uma linguagem simples que a criança entenda, e assim a familiarize com o ambiente e não tenha medo.
– Utilize técnicas lúdicas
As técnicas lúdicas são utilizadas durante o atendimento infantil. O brincar com a criança promove as primeiras experiências com valores, como a responsabilidade, além de aprender a importância da negociação, da conquista, da convivência com regras e da resolução de conflitos.
O brincar no espaço odontopediátrico é um facilitador da dinâmica de interações e cuidados no âmbito da atuação da Odontologia. Assim, a odontopediatria tem por princípio primeiro o uso do lúdico, em todas as suas manifestações, ultrapassando a dimensão da diversão e do lazer no intuito de estreitar a relação paciente – odontopediatra.
Esta aproximação do mundo da criança alcança melhores resultados quando o especialista além de ser habilitado no uso dos procedimentos técnicos, está preparado para lidar com o comportamento do universo infanto-juvenil, mantendo-se atualizado de forma prática dos mecanismos que favorecem o despertar do interesse e da motivação de acordo com a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra.
Conclusão
As crianças merecem toda a atenção e respeito durante os atendimentos, seja para uma avaliação, intervenção ou mesmo a realização do tratamento propriamente dito.
Os odontopediatras são os responsáveis por nossos pequeninos. As crianças devem ser atendidas por profissionais especializados para realizar procedimentos e manejos corretos, sem traumatizá-las.
Na primeira consulta odontológica, é super importante ouvir o paciente ou o responsável pelo paciente, ou ainda, ambos. Ouça-os com atenção. Esse momento é fundamental para conhecer o paciente, estabelecer vínculo e ganhar a confiança um do outro. Esse momento será a base de todos os próximos encontros.
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