Pacientes diabéticos: como proceder na consulta odontológica?

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Atender pacientes diabéticos no consultório não é uma tarefa simples. O dentista deve estar preparado para receber esse paciente, fazer anamnese correta e saber a taxa de glicemia para então começar um tratamento.

Os cuidados com pacientes diabéticos vão além. Existe a necessidade de realizar a escolha do anestésico, saber quais exames solicitar e quais são as melhores orientações de higiene bucal.

Por isso, preparamos esse texto completo sobre os cuidados que nós cirurgiões dentistas devem ter na hora de receber pacientes diabéticos no consultório. Confira. 

Antes de tudo, o que é diabetes?

Antes de saber como atender um paciente diabético e preciso saber o que é diabetes. O diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da taxa de glicose no sangue (hiperglicemia).

Pode ser derivada por problemas na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função da insulina é promover a entrada de glicose nas células.

A falta de insulina ou a alteração na sua produção faz com que a glicose aumenta no sangue, a chamada hiperglicemia. No diabetes, tipo II a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada. Esse quadro de resistência à insulina chega a um ponto em que o organismo não consegue mais o hormônio.

No diabetes tipo I existe a destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico. Ou seja, nessa condição existe a formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as células beta levando a deficiência de insulina.

Como o diabetes pode interferir na saúde bucal?

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As pesquisas apontam que além dos sintomas sistêmicos o diabetes pode causar várias manifestações bucais que deterioram a saúde do paciente Existe uma grande associação de diabetes com problemas periodontais. 

Além da gengivite e doença periodontal, outras condições bucais estão relacionadas com o diabetes como a candidíase, boca seca, úlceras, infecções e cáries.

Problemas bucais mais comuns em pacientes diabéticos

Como vimos, o diabetes é uma doença com implicações sérias e que pode causar manifestações bucais. O cirurgião-dentista deve ter um bom conhecimento sobre essa patologia para ajudar no diagnóstico e controle da doença. 

Por isso, confira abaixo uma lista dos problemas bucais mais comuns relacionados com o diabetes:  

  • Periodontite;
  • Gengivite;
  • Xerostomia;
  • Infecção bacteriana, virais e fúngicas;
  • Retardo na cicatrização das feridas;
  • Cárie;
  • Sintomas da síndrome da ardência bucal;
  • Candidíase bucal;
  • Ulcerações na mucosa bucal;
  • Hálito cetônico;
  • Disgeusia.

Quais riscos o diabetes oferece para o tratamento odontológico?

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O paciente com diabetes não é um paciente comum no consultório odontológico. Quando o diabetes encontra-se controlado a chance de intercorrência nos tratamentos é reduzida. 

No entanto, se a taxa de glicose não está controlada, existe um grande desafio nos tratamentos, principalmente nos tratamentos periodontais e cirurgias, no qual a cicatrização dos tecidos é crucial para o sucesso da técnica. 

Por isso, os cuidados com pacientes diabéticos devem acontecer desde o momento da anamnese, em que é necessário estar extremamente atento e retirar o máximo de informações do paciente. 

Além de saber tudo da história pregressa do paciente é necessário ter um laudo médico com exames recentes e o controle da glicemia do paciente antes de se iniciar o tratamento. 

O controle do nível de glicose no sangue evita complicações nos tratamentos. 

Idealmente, em jejum, a glicemia deve ser inferior a 100 mg/dL. Duas horas após uma refeição, não pode ultrapassar 140 mg/dL.

Alimentação equilibrada, peso saudável e exercícios físicos regulares ajudam a  baixar  e controlar a taxa de glicemia. Quando o paciente faz uso de medicamentos para o controle do diabetes esses devem ser utilizados de maneira correta antes do atendimento.

O descontrole dos níveis de glicose irá interferir principalmente na cascata de cicatrização, sangramento e risco de infecções do paciente. Por isso, esteja atento ao controle médico do seu paciente. 

Como o dentista pode ajudar no diagnóstico de diabetes?

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Como o diabetes possui muitas manifestações bucais, o dentista tem sim um papel relevante no diagnóstico e no controle da doença. Doenças inflamatórias da cavidade bucal podem interferir diretamente nas taxas de glicose e vice-versa. 

Por isso, o controle de higiene bucal no dentista para pacientes diabéticos é fundamental. O dentista deve orientar o paciente sobre como fazer a higiene bucal da forma correta, com dicas sobre técnicas de escovação, uso do fio dental, de raspadores de língua e de enxaguantes bucais. 

Para pacientes que não sabem da existência do diabetes o dentista pode estar atendo a algumas alterações de saúde como: perda de peso, polifagia, hipertensão, obesidade, presença de biofilme, sangramento gengival, recessão gengival, profundidade de sondagens, hálito cetônico, etc. 

Na presença desses sinais o encaminhamento para investigação da doença deve ser realizado antes de dar sequência ao tratamento odontológico. 

Quais cuidados tomar com pacientes diabéticos?

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O atendimento ao paciente diabético deve ser diferenciado.O planejamento do atendimento deve começar no agendamento da consulta. Consultas longas devem ser evitadas para que não haja crise de hipoglicemia. Confira abaixo mais algumas dicas sobre o atendimento a pacientes diabéticos:

Anamnese mais minuciosa

A anamnese é uma fase da consulta super importante. É preciso extrair o máximo de informações sobre o paciente e sobre o controle da doença. 

É fundamental descobrir quais medicamentos o paciente faz uso, se faz tratamento, qual o tipo de diabetes possui, saber de fatores de risco, se faz uso da insulina, qual o tipo e em que horário utiliza.

Algumas perguntas são sugeridas abaixo para o momento da anamnese para pacientes que não possuem diagnóstico de diabetes: 

  • Sente muita sede ou fome?
  • Urina muitas vezes ao dia?
  • Percebeu perda de peso recentemente?
  • Sente fraqueza ou cansaço não associado à atividade física?
  • Sente coceira no corpo?
  • Sente dor no corpo?
  • Sente dor na boca?
  • Possui infecções frequentes?
  • Demora muito tempo para que ocorra cicatrização quando se machuca?
  • Tem história familiar de diabetes?

Para os que já possuem o diagnóstico você pode incluir as seguintes perguntas na sua anamnese:

  • Há quanto tempo tem diabetes?
  • Qual o tipo de diabetes?
  • Usa alguma medicação? Qual?
  • Já foi hospitalizado?
  • Já teve crise de hiper ou hipoglicemia?
  • Há quanto tempo consultou com o médico e realizou exames? Quais os resultados?
  • Consome bebida alcóolica? Quanto?
  • Tem o hábito de fumar? Quanto?

Horário de atendimento preferencial pela manhã

O atendimento aos pacientes diabéticos deve ser controlado. Idealmente deve ser realizado no período da manhã quando a glicemia tende a estar mais equilibrada.  No entanto, cada caso é um caso e deve ser avaliado juntamente com o paciente e o médico que o acompanha. 

Tratamentos com duração mais curta

O ideal é manter consultas com duração curta para os pacientes com diabetes. Isso porque longos períodos sem alimentação favorecem a queda de glicemia,  o que pode ocasionar em algumas situações de urgência no consultório. 

Por isso, sempre que possível, faça um escalonamento dos procedimentos do paciente. 

Analisar os níveis de glicose

O tratamento odontológico só será realizado se o paciente estiver com a glicemia controlada. Caso a glicemia esteja abaixo de 70 ou acima de 300, ele deve ser encaminhado ao médico e nem começar o tratamento no consultório do dentista.

O tratamento odontológico do paciente com diabetes pode ser semelhante ao do paciente sem diabetes, desde que a taxa de glicose esteja controlada e tenha autorização do médico. Caso uma cirurgia seja programada o ideal é pedir alguns exames como hemograma, glicemia em jejum ou capilar e hemoglobina glicada. 

Como proceder em casos de emergência com pacientes diabéticos durante o tratamento odontológico?

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Casos de emergência podem acontecer no atendimento a pacientes com diabetes, por isso, você deve conhecer os riscos e estar preparado para resolver as situações que podem surgir. As intercorrências mais comuns são a hipo e a hiperglicemia. 

Hipoglicemia

A intercorrência mais comum é a hipoglicemia. A crise hipoglicêmica caracteriza-se por sinais e sintomas diversos, como:palidez, tremores, taquicardia, sudorese, tontura, sonolência, confusão mental, fraqueza, cefaléia e visão turva. 

Caso seu paciente apresente esses sintomas você deve suspender o procedimento e oferecer ao paciente um alimento rico em carboidratos, tal como suco de frutas ou mel.

Em casos mais graves o nível de glicose deve ser monitorado assim como os sinais vitais. Se o paciente estiver inconsciente, alguns artigos científicos relatam que não se deve utilizar medicações por via oral, sendo o ideal administrar solução aquosa de glicose a 50%, por via endovenosa, durante 2 a 3 minutos. Vale a pena lembrar que o serviço de urgência médica deve ser contactado e as recomendações por esses passadas seguidas. 

Hiperglicemia

Pacientes com crise de hiperglicemia geralmente irão apresentar: fraqueza, cansaço, urina frequente, muita sede, perda de apetite, visão turva, pele seca e irritada e hálito cetônico.

Em caso de crise hiperglicêmica no consultório odontológico você deve procurar uma seringa de insulina, que o paciente possa ter para situações de emergência. Injete a seringa na região ao redor do umbigo ou na parte superior do braço.

Caso tenha passado 15 minutos e o valor do açúcar continue igual, deve-se chamar ajuda médica, ligando imediatamente para o número 192 ou levar a pessoa para o hospital.

Se o seu paciente estiver inconsciente, mas respirando deve-se colocar na posição lateral de segurança, enquanto se aguarda a chegada da ajuda médica. Saiba como fazer corretamente a posição lateral de segurança.

Mitos e verdades sobre  pacientes diabéticos

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Existem alguns mitos e verdades quando lidamos com pacientes diabéticos no consultório. Vejam alguns abaixo:

Mitos

 Se o paciente parar de comer açúcar o diabetes estará controlado.

Esse fato é um mito! O tratamento do diabetes vai muito além do controle da ingestão diária de açúcar O controle da glicose pode estar relacionada com outros fatores como a prática de atividades físicas, a ingestão correta dos medicamentos e também o controle do consumo de calorias.

O tratamento odontológico faz com que os problemas bucais terminem

Para que o paciente com diabetes tenha saúde bucal plena ele deve ter controle sobre sua higiene bucal e deve tomar todas as atitudes necessárias para controlar a diabetes.

Esses pacientes são sim mais suscetíveis a sofrer com as consequências da doença na sua saúde bucal. O tratamento odontológico é uma etapa dos cuidados para se obter saúde bucal, porém o maior controle dos problemas bucais se dará com o controle sistêmico da doença. 

Verdades

Pacientes com diabetes tem mais chance de desenvolver cárie

Sim, pacientes com diabetes sem controle pode ter 

maior acúmulo de açúcar em várias regiões do corpo, e essa elevação dos níveis de glicose pode favorecer a formação de cáries. 

A cicatrização cirúrgica do diabético é pior do que pacientes não diabéticos

Sim, esse é um grande problema. A cicatrização do paciente diabético pode estar comprometida o que gera maior tempo de recuperação pós cirurgias como extração dentária, implante ou uma simples limpeza mais profunda.

Conclusão

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O diabetes é uma doença caracterizada pela elevação da taxa de glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ser derivada por problemas na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função da insulina é promover a entrada de glicose nas células.

Atender pacientes diabéticos no consultório pode ser um desafio para o cirurgião dentista. Não somente por causa da maior susceptibilidade de aparecimento de doenças bucais como cárie, gengivite, infecções e alterações do padrão de cicatrização. Mas também existem complicações e emergências que podem acontecer durante o atendimento. 

Para evitar o aparecimento de urgências você deve sempre saber sobre a saúde do seu paciente, pedir exames de glicose, entrar em contato com o médico responsável, realizar consultas curtas e pela manhã e estar preparado para situações de emergência como crises de hiper ou hipoglicemia. 

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