Para facilitar a análise e o diagnóstico de vários quadros e procedimentos, é preciso estabelecer algumas nomenclaturas e classificação das cavidades, a fim de facilitar a identificação, o estudo e a comunicação entre profissionais.
A nomenclatura, de acordo com o dicionário, é definida como um “conjunto de nomes e designações usados em alguma área do conhecimento.”
Dessa forma, os profissionais da mesma área podem usar esses termos para se entenderem e para facilitar na hora de estudar algum tema, entender todas as peculiaridades do assunto, tratar um paciente ou até mesmo formar novos profissionais.
O conhecimento dessas classificações e nomenclaturas se torna então essencial para o profissional que atua na área.
Nesse sentido, o conhecimento da nomenclatura e a classificação das cavidades é de grande importância para o Dentista, ou estudante de Odontologia, pois a partir dessas denominações pode-se estudar e nomear os ângulos, planos, paredes e cavidades de acordo com algumas características relevantes.
Portanto, saiba mais sobre o que são as nomenclaturas e cavidades na odontologia, os objetivos do preparo cavitário, os tipos de cavidade, as partes constituintes das cavidades, a classificação das cavidades.
Confira!
Antes de tudo, conheça alguns conceitos importantes
Existem alguns conceitos importantes para o entendimento do artigo, que vamos discutir em primeiro lugar. São eles: o conceito de nomenclatura e o conceito de cavidade. Saiba mais!
– Nomenclatura
A nomenclatura é o conjunto de termos e definições que compõem uma área do conhecimento. A palavra nomenclatura vem do latim, da junção das palavras nomen, que significa “nome”, e calare, que quer dizer “chamar”.
Portanto, a nomenclatura significa a denominação de qualquer objeto, elemento ou área do estudo.
A nomenclatura é o que permite que qualquer matéria tenha uma definição e um vocabulário próprio, com conceitos, fórmulas, significados, teorias e etc.
Dessa forma, a nomenclatura permite que haja uma ordem lógica dos conteúdos de uma determinada área do conhecimento, fator fundamental para a aprendizagem e para a aplicação prática do conhecimento também, assim como também é fundamental para a comunicação entre os profissionais da área.
– Cavidade
Cavidade é um conceito bastante usado dentro dos estudos e da prática da Odontologia, mas se aplica a outras áreas do conhecimento também. O termo cavidade é usado para descrever qualquer área oca, seja de um corpo ou de um objeto.
Na Odontologia, o termo cavidade é usado para denominar orifícios encontrados nos dentes. Existem diversos tipos e diversas classificações diferentes dentro do termo cavidade, como cavidades patológicas e terapêuticas, além de diversas partes constituintes. Confira!
Objetivos do preparo cavitário
O preparo cavitário é uma etapa do processo restaurador dental, e é uma das mais importantes. Em 1949, um estudo de Healey e Phillips apontou que a falha na maior parte das restaurações com amálgama, em 56% delas, aconteceu durante o processo de preparação cavitária.
Dessa forma, os profissionais, de décadas atrás e recentemente, se preocupam bastante em ensinar sobre os preparos cavitários, como fundamentos básicos e o treinamento adequado de estudantes.
A partir do surgimento de materiais adesivos para esse tipo de restauração, houveram algumas mudanças no preparo cavitário, na maneira em que ele era feito e na maneira em que ele era ensinado.
Além disso, o aspecto estético e a aparência do dente influenciaram bastante nessa mudança para materiais adesivos, afinal, o resultado estético é muito mais satisfatório.
Dessa forma, o preparo cavitário é uma parte do processo que procura principalmente restaurar o dente com cárie ou algum tipo de cavidade e entregar como resultado um dente em perfeito estado para o paciente. Assim podemos citar algumas outras finalidades desse procedimento, como:
- eliminar vestígios e traços de tecidos adoecidos ou infectados;
- preservar a polpa do dente;
- preparar uma cavidade que consegue receber e manter o material usado para a restauração dentária;
- remover tecido cariado;
- ter formas mais precisas;
- impedir algum tipo de fratura no dente;
- impedir que haja a instalação de lesão de cárie.
Tipos de cavidade
Existem dois tipos de cavidades estudados na Odontologia, são elas as cavidades patológicas e as cavidades terapêuticas, que se diferem na origem, na finalidade e no modo em que surgiram. Confira!
– Patológica
A cavidade patológica é bastante auto-explicativa. Ela se forma por conta de algum processo patológico no dente, que geralmente acontece a partir da ação de diversas bactérias.
Ela possui algumas características peculiares, justamente por ser formada a partir de um processo de destruição de tecidos.
Suas principais características são:
- ter formas e dimensões irregulares;
- ser causada por uma destruição dos tecidos duros do dente, geralmente por uma bactéria;
– Terapêutica
Por outro lado, a cavidade terapêutica é feita em casos de lesões que comprometem a estrutura do dente, como a cárie, a abrasão dentária, a abfração dentária, a erosão dentária ou qualquer tipo de fratura, com o objetivo de restaurar a funcionalidade e a estética do dente afetado.
Dessa forma, ela é o resultado de algum tratamento dentário, como algum tratamento para remover o tecido cariado e restaurar o dente. Ela é feita por um profissional, por isso as suas características são diferentes das características da cavidade patológica.
- é resultante de algum tratamento dentário, como o preparo cavitário;
- possui formas e dimensões bem definidas;
- preserva a estrutura do dente;
- deixa o dente apto para ser restabelecido e é essencial para o processo de restauração de um dente cariado.
Partes constituintes das cavidades
As cavidades são constituídas por paredes e ângulos. Assim, conheça melhor as partes constituintes das cavidades.
– Paredes
As paredes são os limites da cavidade. Nesse sentido, existem dois tipos de paredes: as paredes circundantes e as paredes de fundo.
As paredes circundantes são as paredes laterais de uma cavidade. Elas recebem o nome face do dente correspondente ou a que tiver mais próxima, como gengival, lingual, etc.
As paredes de fundo, que correspondem à parte inferior da cavidade, também são chamadas de axial, as que são paralelas ao eixo do dente, e pulpar, as que são perpendiculares ao eixo do dente.
– Ângulos
Os ângulos também fazem parte das cavidades, assim como as paredes, e são divididos em: ângulos diedros, ângulos triedros e ângulos cavo superficiais.
Os ângulos diedros são compostos pela junção de duas paredes da cavidade e são divididos em três grupos. O primeiro grupo é composto por ângulos formados por paredes circundantes, ou seja, paredes laterais da cavidade. O segundo grupo é composto por uma parede circundante (lateral) e uma parede do fundo. O terceiro grupo é composto por duas paredes do fundo da cavidade.
Os ângulos triedros são aqueles formados por 3 paredes e também são divididos em grupos, de acordo com a composição.
O último ângulo, o cavo superficial, é composto pela união das paredes da cavidade com a superfície do dente, na parte externa.
Classificação das cavidades
– Quanto à finalidade
Existem algumas finalidades da cavidade dental, como as terapêuticas e as protéticas.
As terapêuticas são aquelas realizadas nos casos em que a lesão é de cárie, abrasão, abfração, erosão, fratura ou qualquer outra lesão nos tecidos duros dos dentes, que corromperam de alguma forma a estrutura.
Ela é feita com a função de restaurar o dente, de forma tanto estética quanto funcional.
As protéticas são as cavidades feitas para servir como apoio para algum tipo de prótese, seja fixa ou removível. Dessa forma, ela é feita quando existe a necessidade do uso de algum tipo de prótese dentária.
– Quanto ao número de faces
O número de faces é outro fator que contribui para a classificação das cavidades, elas são classificadas de acordo com o número de faces envolvidas no processo. São elas: as simples, as compostas e as complexas.
A classificação simples abrange apenas uma face atingida, enquanto a classificação composta é formada por duas faces prejudicadas e a classificação complexa é formada por três ou mais faces atingidas.
– Quanto às faces do dente envolvidas
Essa classificação é de acordo com a face do dente envolvida na cavidade, de acordo com o local em que a cavidade está localizada. Por exemplo, se a cavidade estiver localizada na face oclusal, o nome da classificação da cavidade será cavidade oclusal, da mesma forma com a cavidade disto-oclusal, mesio-oclusal, etc.
– Classificação de BLACK
A classificação das cavidades de BLACK é um tipo de classificação usada para determinar os tipos de cavidade, para facilitar o processo do preparo cavitário. Nesse sistema existem dois tipos de cavidades: as artificiais e as etiológicas.
As cavidades etiológicas são aquelas provocadas por algum tipo de patologia ou até mesmo algum tipo de acidente, como cárie, abrasão, abfração, erosão ou algum tipo de fratura. Ou seja, não são provocadas ou supervisionadas por um profissional.
Por outro lado as cavidades artificiais são aquelas criadas por um profissional Odontologista, para fazer algum processo de restauração. Essas cavidades artificiais são divididas em classes:
- Classe I: as cavidades são produzidas em regiões em que há fissuras.
- Classe II: são as cavidades produzidas em lugares que envolvem as faces proximais dos dentes anteriores.
- Classe III: são as cavidades que envolvem as proximais de dentes anteriores, porém sem que haja o comprometimento do ângulo incisal.
- Classe IV: são as cavidades que envolvem as proximais de dentes anteriores, mas com o envolvimento do ângulo incisal.
- Classe V: são cavidades presentes no terço cervical das faces linguais ou vestibulares, em qualquer um dos dentes.
– Classificação de MOUNT & Hume
Esta classificação, assim como a classificação de BLACK, é de grande importância para a formação profissional e atuação de qualquer odontólogo.
Essa classificação é baseada na localização e no tamanho que a lesão da cárie possui e foca nos locais em que o dente apresenta um acúmulo maior de biofilme.
Nesse sentido, existem três aspectos a serem considerados nesse tipo de classificação: a oclusão, a proximal e a cervical.
A oclusal envolve fissuras, sulcos e alguns defeitos no esmalte de superfícies lisas do dente. A proximal é a superfície que tem esmalte, localizada abaixo das áreas de contato com outro dente ao lado. A cervical é a superfície correspondente a um terço da gengiva da coroa do dente.
Na classificação das cavidades de Mount e Hume, a localização é muito importante para indicar a gravidade da lesão ou da cavidade. No entanto, não é o único aspecto que deve ser levado em conta, o tamanho também é um fator determinante. Dessa forma, confira como essa categoria é dividida e os aspectos mais importantes dela.
Existem quatro categorias para definir o tamanho, são elas: mínimas, moderadas, amplas e extensas.
- Mínima: na categoria mínima acontece o envolvimento mínimo da dentina. Dessa forma, o tratamento recomendado é a remineralização dos dentes.
- Moderada: na categoria moderada existe um agravamento, uma vez que o envolvimento da dentina é moderado. Dessa forma, caso o esmalte restante esteja saudável, bem suportado pela dentina e não apresente algum tipo de falha, uma restauração pode ser feita.
- Ampla: na categoria ampla, diferente das outras duas categorias, existe uma grande lesão. Além disso, o dente possui estruturas fracas e margens incisais. Pode ser que seja preciso estender a cavidade a um ponto em que a restauração consiga promover suporte para o restante do dente.
- Extensa: essa última categoria possui as mesmas características da ampla. No entanto existe uma grande perda da estrutura do dente. Dessa forma, trata-se de um caso mais grave e complexo de restauração.
Conclusão
Falar sobre as nomenclaturas e classificações das cavidades não é uma tarefa fácil, pois são inúmeras as opções.
Por isso, entender o que é, e como funcionam essas cavidades pode ser muito interessante para os cirurgiões-dentistas que atuam nessa especialidade.
Desse modo, será mais fácil analisar o diagnóstico de vários quadros e procedimentos.
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