O câncer da boca é um tumor maligno que pode afetar variar a área da cavidade bucal, incluindo lábio, língua, palato, mucosa jugal e região submandibular.
Acomete mais os homens com mais de 40 anos. Além disso, os principais fatores causadores do câncer de boca são os hábitos tabagistas e etilistas.
Detectar lesões pré cancerígenas ou diagnosticar rápido esse tipo de lesão pode favorecer muito o sucesso do tratamento. Para você que quer saber mais sobre o câncer de boca, preparamos esse texto super completo. Veja!
O que é o câncer de boca?
O Relatório Mundial de Câncer (World Cancer Report), publicado pela IARC (International Association for Research on Cancer) reportou que cerca de 400.000 novos casos de câncer de cabeça e pescoço ocorrem em todo o mundo a cada ano.
Esses dados são preocupantes! O Brasil é considerado um país de risco intermediário entre mulheres, com aproximadamente 3 casos a cada 100.000. Porém, entre os homens, trata-se do 2º maior risco de ocorrência, podendo chegar a quase 7 casos por 100.000 habitantes.
O câncer de boca é um tipo de tumor maligno que geralmente é diagnosticado pelo dentista, esse tipo de doença pode aparecer em diversos locais na região de cabeça e pescoço.
Os locais mais acometidos são as bordas laterais da língua, região abaixo da linha (submandibular), palato (céu da boca) e lábios. Sua ocorrência é mais comum após os 50 anos, mas pode surgir em qualquer idade.
Os principais fatores causais são o uso de cigarro e álcool. Além do tabagismo e do etilismo, estudos mostram que o consumo pobre de frutas e vegetais também está associado à sua ocorrência. Além disso, existe também associação com a infecção por HPV, doenças auto-imunes e também exposição solar nos lábios.
Os sintomas mais comuns incluem o aparecimento de feridas ou aftas que não cicatrizam e que não apresentam dor.
Quando existe suspeita de câncer na boca é muito importante consultar um dentista especialista em Estomatologia para realizar o correto diagnóstico e encaminhar para realizar o tratamento adequado.
Conceito geral de câncer
Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas. De modo geral, esse tipo de lesão apresenta um crescimento desordenado de células, que invadem tecidos adjacentes ou podem se desgarrar da sua massa e ir para órgãos à distância.
Essas células apresentam uma grande taxa de divisão celular, sendo assim, rapidamente, conseguem causar crescimento, tumefações e degradação tecidual.
Vários tipos de células do corpo podem sofrer processo de mutação e dar origem a tumor. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.
No caso da cavidade bucal, o tipo mais comum é o carcinoma de células escamosas.
O que pode causar o câncer de boca?
Como vimos, o câncer de boca é uma doença maligna que leva a grandes degradações de estruturas nobres de cabeça e pescoço podendo ainda ocasionar metástases para outros órgãos do corpo.
São várias as causas relacionadas a esse tipo de câncer. Vamos ver abaixo as causas mais comuns:
- Tabagismo: O hábito de fumar é, juntamente com o etilismo, a principal causa de ocorrência de câncer de boca. Está relacionado ao uso de cigarro ou utiliza outros produtos derivados do tabaco, como cigarro de palha, de Bali, de cravo ou kreteks, fumo de rolo, tabaco mascado, charutos, cachimbos e narguilé, entre outros; Quanto maior o número de cigarros fumados, maior o risco de câncer.
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Exposição ao sol sem proteção representa risco importante para o câncer de lábios;
- Obesidade;
- A infecção pelo vírus HPV está relacionado a alguns casos de câncer de orofaringe.
Quais são os tipos de câncer de boca?
A aparência clínica do carcinoma de células escamosas é muito característica facilitando seu diagnóstico, No entanto, quando ainda está no começo, pode ser facilmente confundida com outros tipos de lesões da cavidade bucal.
Por isso, é importante ir ao dentista assim que você notar algo diferente na boca, e assim poderá realizar uma biópsia e verificar de que lesão se trata.
As lesões cancerígenas apresentam-se como úlceras (feridas) com bordas elevadas que estão firmemente aderidas aos tecidos vizinhos e que, geralmente, não apresentam dor ao manipulá-los.
Eventualmente os pacientes podem apresentar linfadenopatia cervical sem nenhum outro sintoma. Em casos extremos o paciente pode apresentar fístulas cutâneas, sangramento, anemia intensa e caquexia.
Tipos clínicos
Vamos então citar abaixo os principais tipos clínicos encontrados entre os tipos de carcinoma de boca.
Úlceras
Essa lesão fundamental é a mais comumente encontrada, se apresentando como uma úlcera com tecido necrótico, margens irregulares e elevadas. Na palpação apresentam um endurecimento bastante característico, em estágios avançados a dor é irradiante e espontânea.
Nódulos
Algumas neoplasias apresentam um padrão de crescimento exofítico, podendo apresentar nódulos, com bordas mal delimitadas e duros a palpação.
Lesões iniciais
Em geral são lesões leucoeritroplásicas, que são manchas branco-avermelhadas com superfície delicadamente rugosa, a elasticidade do tecido se altera e a palpação pode-se sentir um discreto endurecimento da área em relação à mucosa normal.
Essas lesões podem ser assintomáticas e podem não ser percebidas pelo paciente, por isso a importância do exame profissional buscando discretas alterações de cor na superfície da mucosa.
Lesões cancerizáveis
A OMS recomenda que o melhor termo a ser utilizado para descrever lesões ou condições que possuem uma maior chance de malignização seja o termo lesões potencialmente canceríveis(LPC).
As LPCs são as leucoplasias, e eritroplasias, o líquen plano e a queilite actínica. São consideradas condições potencialmente cancerizáveis. A queilite actínica é uma lesão parecida com úlcera formada no lábio do paciente, geralmente no limite de lábio/pele.
As leucoplasias são lesões de formato esbranquiçado que geralmente aparecem na mucosa jugal. Já o líquen plano é uma doença auto-imune.
Leucoplasia
Definida como uma placa branca com risco aumentado de malignização. A leucoplasia é muito mais comum em fumantes. Acredita-se que sua taxa de malignização esteja ao redor de 1% para todos os tipos de leucoplasias existentes.
Eritroplasia
É definida como uma mancha vermelha que não pode ser diagnosticada como um outro tipo de lesão, é uma condição mais rara do que a leucoplasia que no entanto possui maior risco de malignização.
Líquen Plano
O líquen plano é uma doença autoimune que apesar de bastante controversa, é considerado pela maioria dos autores como uma lesão potencialmente cancerizável. A realização da biópsia é sempre recomendada além do acompanhamento clínico ao longo da vida do paciente.
Quais são os sintomas de câncer de boca?
Os sintomas do câncer de boca surgem de forma silenciosa, isso porque as lesões iniciais são pequenas e muitas vezes indolores. Sendo assim, a busca pelo tratamento pode demorar o que agrava a situação clínica e leva a piora do prognóstico do paciente.
Os sinais e sintomas indicativos de câncer de boca variam de acordo com o grau de desenvolvimento da doença, sendo os primeiros sinais:
- Ferida tipo aftas na cavidade bucal que não cicatrizam após um período de 15 dias do seu surgimento;
- Manchas vermelhas ou brancas nas gengivas, língua, lábios, garganta ou revestimento da boca;
- Pequenas feridas superficiais que não doem e que podem ou não sangrar;
- Irritação, dor na garganta ou sensação que algo está preso na garganta.
Em estágios mais avançados da doença os sintomas podem evoluir para:
- Dificuldade ou dor ao falar, mastigar e engolir;
- Caroços no pescoço devido ao aumento das ínguas (linfonodos infartados);
- Mau hálito persistente;
- Perda súbita de peso;
- Doe espontânea e sangramento na lesão;
- Dificuldade de fala;
- Dificuldade para engolir;
- Dificuldade para movimentar a língua.
Se estes sinais e sintomas persistirem por mais de 2 semanas, é recomendado consultar um dentista para avaliar o problema, O recomendado é que se faça uma biopsia da lesão para diagnosticar e iniciar o tratamento adequado.
Quais são os estágios do câncer de boca?
Para realizar o diagnóstico de câncer de boca é necessário fazer uma biópsia. A biópsia nada mais é do que a remoção de um fragmento da área da lesão para ser avaliado em microscópio.
A segunda etapa ocorre depois da confirmação do diagnóstico e a determinação do estágio da lesão. Ou seja, é necessário observar o tamanho, a presença de linfonodos já acometidos ou presença de metástases.
O sistema de estadiamento utilizado para o câncer de boca e orofaringe é o sistema TNM da American Joint Committee on Cancer.
Esse sistema utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer: o próprio tumor, os linfonodos regionais ao redor e se o tumor se espalhou para outras partes do corpo (metástase).
TNM é abreviatura de tumor (T), linfonodo (N) e metástase (M):
- T. Indica o tamanho do tumor primário e se disseminou para outras áreas.
- N. Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais.
- M. Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo, como os pulmões.
O estadiamento é utilizado para planejar o tratamento. São esses parâmetros que irão nortear a equipe multidisciplinar quanto à melhor terapia a ser utilizada.
Como prevenir o câncer de boca?
Melhor do que a detecção precoce e não desenvolver o câncer de boca. Para evitar o aparecimento da lesão é importante evitar alguns hábitos ou vícios que estão diretamente relacionados com o surgimento do câncer.
- Não fumar;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Manter o peso corporal dentro dos limites da normalidade;
- Manter boa higiene bucal;
- Usar preservativo (camisinha) na prática do sexo oral.
Além de manter hábitos saudáveis, é necessário realizar controle clínico constante para detectar possíveis lesões iniciais ou lesões cancerizáveis.
Como é o tratamento do câncer de boca?
Na grande maioria das vezes o tratamento é cirúrgico, tanto para lesões menores quanto para tumores maiores. O cirurgião de Cabeça e Pescoço é o profissional que vai avaliar o estágio da doença e indicar o procedimento ideal.
A radioterapia e a quimioterapia são indicadas quando a cirurgia não é possível ou quando o tratamento cirúrgico traria sequelas funcionais importantes.
Em casos mais complexos, além da cirurgia ressectiva é necessário complementar o tratamento com sessões de radioterapia. Um acoplamento multidisciplinar é necessário. Pode também ser necessário realizar algum tipo de prótese buco-maxilo-facial para substituir as áreas removidas cirurgicamente.
Quais as chances de cura do câncer de boca?
A taxa de cura do câncer de boca e sobrevida depende muito do estadiamento da lesão, ou seja, seu tamanho e a ocorrência de metástases ou não.
Para cálculo das taxas de sobrevida são utilizados estudos com um grande número de pessoas que tiveram a doença, mas não se pode prever o que vai acontecer no caso específico de um paciente.
Essas estatísticas podem ser confusas e podem gerar dúvidas, portanto converse com seu médico, só ele tem amplo conhecimento de seu caso e poderá dizer como esses dados se aplicam ao seu caso em particular.
Uma taxa de sobrevida de 90% em 5 anos significa que 90 em cada 100 pacientes com esse tipo de câncer ainda estarão vivos 5 anos após serem diagnosticadas.
O importante a se saber é que lesões pequenas, sem metástases e diagnósticas no início possuem grande chance de cura. A taxa de sobrevida reduz à medida que o tumor aumenta de tamanho e apresenta metástase em outros órgãos.
Conclusão
O câncer de boca é um tipo de tumor maligno que geralmente é diagnosticado pelo dentista, esse tipo de doença pode aparecer em diversos locais na região de cabeça e pescoço.
As lesões cancerígenas na boca se apresentam como úlceras (feridas) com bordas elevadas que estão firmemente aderidas aos tecidos vizinhos e que, geralmente, não apresentam dor ao manipulá-los.
Eventualmente os pacientes podem apresentar linfadenopatia cervical sem nenhum outro sintoma. Em casos extremos o paciente pode apresentar fístulas cutâneas, sangramento, anemia intensa e caquexia.
Na grande maioria das vezes o tratamento para o câncer de boca é cirúrgico, tanto para lesões menores quanto para tumores maiores. O cirurgião de Cabeça e Pescoço é o profissional que vai avaliar o estágio da doença e indicar o tratamento ideal.
