Biossegurança em Odontologia: entenda a importância para o Dentista

Avaliações
5/5
biossegurança em odontologia clinica paciente

Quando o assunto é saúde, sabemos que a prevenção é o melhor caminho. Levando em consideração que os consultórios de Odontologia são ambientes suscetíveis a contaminações de bactérias, é essencial estar atento aos procedimentos que podem evitar problemas, além de manter em segurança todas as pessoas envolvidas. E é aí que entra a Biossegurança em Odontologia.

Sabemos que essas contaminações podem ser oriundas da boca do paciente, de gotículas eliminadas durante os procedimentos, das mãos dos cirurgiões dentistas ou ainda dos instrumentos e equipamentos do consultório. Sendo assim, o cuidado com as áreas físicas que envolvem o atendimento clínico tornam-se tão importantes quanto os procedimentos preventivos, estéticos e funcionais específicos da área.

A conscientização do dentista e da equipe auxiliar quanto às condutas nesta área, os levará a prestar um serviço de melhor qualidade e também promover melhorias em sua própria segurança ocupacional.

No texto de hoje vamos falar um pouco mais sobre o papel da Biossegurança em Odontologia e a importância de incorporar esses cuidados na sua rotina profissional.

O que é a Biossegurança em Odontologia?

biossegurança em odontologia mascara dentista

A Biossegurança em Odontologia é o conjunto de procedimentos adaptados no consultório com o objetivo de dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e toda a sua equipe.

Tendo em vista o aumento do número de doenças infecciosas e de infecções cruzadas entre os profissionais da área da saúde, uma vez que eles ficam expostos a uma grande variedade de microrganismos veiculados pelo sangue e pela saliva dos pacientes, é fundamental o conhecimento de alguns conceitos de Biossegurança, a fim de evitar problemas mais graves.

E a única maneira de prevenir a transmissão de doenças é empregando medidas de controle de infecção com o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), esterilização do instrumental, desinfecção do equipamento e ambiente e anti-sepsia da boca do paciente.

Assista o vídeo sobre Biossegurança Para Dentistas Durante o COVID-19: 

 

Qual a importância da Biossegurança em Odontologia?

A Biossegurança em Odontologia é essencial para qualquer consultório odontológico, pois através desses procedimentos é possível zelar pela segurança de todas as pessoas quando o assunto é o risco biológico.

Por isso, é muito importante adotar essas medidas de segurança para prevenir a transmissão de doenças, reduzir o risco ocupacional e de infecção cruzada e também diminuir os riscos de penalização legal e criminal perante a justiça.

Quais são princípios de Biossegurança em Odontologia?

biossegurança em odontologia paciente boca

Todo dentista fica diariamente exposto a grande variedade de microrganismos veiculados pelo sangue e pela saliva dos pacientes, os quais podem abrigar agentes etiológicos de doença infecciosa, mesmo sem apresentar os sintomas clínicos ou mesmo sem que ele desenvolva a doença em questão.

Uma cadeia potencial de infecção cruzada, de um paciente para outro, é estabelecida através da contaminação de instrumentais odontológicos e das pessoas que trabalham no ambiente, pelos microrganismos procedentes do paciente.

E para prevenir a infecção cruzada na clínica odontológica, o profissional deve empregar processos de Biossegurança em Odontologia, como a esterilização dos materiais e seguir rigorosamente todos os procedimentos destinados a manter a cadeia asséptica. Conheça abaixo os processos indicados.

Assepsia

A assepsia é o conjunto de medidas adotadas para impedir que determinado meio seja contaminado.

A prática da assepsia se utiliza de meios apropriados para impedir a introdução de microrganismos no organismo. Sendo assim, podemos dizer que os dentistas utilizam medidas de assepsia para evitar, direta ou indiretamente, a transmissão de microrganismos.

Algumas das medidas assépticas importantes em um consultório odontológico incluem:

  • Usar meios assépticos para manuseio aparelhos;
  • Utilizar técnicas rigorosas para lavagem das mãos e higiene pessoal meticulosa;
  • Usar adequadamente os equipamentos descartáveis;
  • Usar máscaras, luvas e outros equipamentos de proteção;
  • Limpar e esterilizar adequadamente os equipamentos;
  • Descartar adequadamente os materiais contaminados.

Antissepsia

A antissepsia é a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo. Ela é realizada com substâncias que removem, destroem ou impedem o crescimento de microrganismos da flora transitória e alguns residentes da pele e mucosas, conhecidos como antissépticos.

De maneira geral, os antissépticos podem ser definidos como substâncias hipoalergênicas de baixa causticidade que matam ou inibem crescimento de microrganismos quando aplicados sobre a pele.

Esterilização

A esterilização é um processo que elimina todos os microrganismos: esporos, bactérias, fungos e protozoários.

Todo serviço odontológico deve ter um espaço destinado ao reprocessamento de instrumental que conste, no mínimo, de uma pia exclusiva para lavagem de instrumental, bancada para secar, embalar, aparelho esterilizador (Autoclave) e gavetas e/ou armários para o acondicionamento dos instrumentais estéreis.

De acordo com a norma do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo (COVISA-SP), este espaço é dimensionado de acordo com o número de unidades de trabalho (cadeiras odontológicas) do estabelecimento.

Este espaço é denominado Central de Esterilização, que deve ter um fluxo unidirecional de trabalho, seguindo a ordem:

  • Pré-lavagem: essa é a etapa que antecede a lavagem e deve ser realizada com todos os artigos que serão reprocessados por meio de imersão de tais materiais em detergente enzimático durante 5 minutos. O detergente enzimático deve ter no mínimo 3 enzimas: protease, amilase e lipase.
  • Lavagem: a etapa mais importante nos processos de esterilização e desinfecção, já que resíduos de matéria orgânica visíveis ou não, podem esconder microrganismos causadores de infecção no instrumental clínico e cirúrgico. Esse processo remove o material orgânico acumulado, como sangue e saliva.
  • Secagem/inspeção visual: etapa que não deve ser esquecida e faz parte do correto preparo dos artigos para posterior desinfecção ou esterilização. Deve ser realizada utilizando-se papel toalha de boa qualidade ou compressa cirúrgica que deve ser reprocessada. Já a inspeção visual deve ser realizada logo após a secagem do instrumental.
  • Embalagem: a embalagem é etapa essencial para garantia do sucesso no processo de esterilização.
  • Esterilização/monitoramento da esterilização: é o processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes, quer sejam eles vírus, bactérias, fungos, protozoários ou esporos, para um aceitável nível de segurança.

[Entenda mais sobre Material Odontológico nesse conteúdo exclusivo]

Desinfecção

A desinfecção é um processo que elimina microrganismos patogênicos e seres inanimados, sem atingir necessariamente os esporos.

Esse procedimento pode ser:

  • Alto nível: elimina esporos, porém não atinge o status esterilizante.
  • Nível intermediário: com propriedade da tuberculinicina, elimina o bacilo da tuberculose, mas não age contra todos os esporos, age contra microrganismos vegetativos e fungos, realizando somente a desinfecção.
  • Baixo nível: produtos químicos formulados com pouca atividade bactericida, não são tuberculinicidas, que inativam alguns tipos de fungos e vírus e podem destruir bactérias vegetativas.

Limpeza

A limpeza na Biossegurança em Odontologia é a remoção da sujidade de qualquer superfície, reduzindo o número de microrganismos presentes. Esse procedimento deve obrigatoriamente ser realizado antes da desinfecção e/ou esterilização.

Ela pode ser dividida entre:

  • Limpeza manual: que deve ser realizada manualmente para a remoção de sujidade, por meio de ação física aplicada sobre a superfície do artigo, usando escova de cerdas macias e cabo longo, escova de aço para brocas, escova para limpeza de lâminas, pia com cuba profunda específica para esta finalidade, detergente e água corrente.
  • Limpeza mecânica: procedimento automatizado para a remoção de sujidade por meio de lavadoras com jatos de água ou lavadoras com ultrassom de baixa frequência que operam em diferentes condições de temperatura e tempo.

Imunização

Outra medida realizada na Biossegurança em Odontologia é a vacinação. Ela é fundamental para a imunização dos profissionais do consultório odontológico, já que eles estão frequentemente expostos a diversos materiais biológicos e a riscos de contaminação.

As principais vacinas que devem ser aplicadas e mantidas em dia por esses profissionais são:

Hepatite B

Em 3 doses, via intramuscular, com intervalo de um mês entre a primeira dose e a segunda e de seis meses entre a segunda e a terceira dose. É indicado fazer o Anti-HBs entre o 7º e 13º mês para documentar a viragem sorológica para ratificar a imunidade para a Hepatite B.

Gripe (Influenza)

É administrada em dose única anualmente, via intramuscular. Altamente recomendada ao profissional da Odontologia por lidar direta e exclusivamente com as vias respiratórias do paciente.

Tétano e Difteria (dT adulto ou toxóide tetânico)

Em três doses, via intramuscular, sendo a 2ª dose realizada de quatro a oito semanas após a primeira e a 3ª dose, de seis a 12 meses após a segunda. O reforço deve ser feito em dose única a cada 10 anos.

Varicela

É administrada em duas doses, em via subcutânea, com intervalo entre as doses de quatro a oito semanas. Muito recomendada para profissionais de saúde suscetíveis à varicela e, em especial, aos profissionais que atendem bebês e crianças.

Rubéola, Sarampo e Caxumba (MMR Tríplice Viral)

Em dose única, via subcutânea. Recomenda-se uma 2ª dose para atingir melhores índices de proteção após um intervalo de 30 dias.

Tuberculose (BCG)

Apesar de não existir estudos que comprovem sua eficiência na fase adulta, alguns autores ainda indicam a BCG (Bacille Calmette-Guérin) para prevenção da tuberculose em profissionais de saúde.

Tríplice bacteriana para adultos (DTP: Coqueluche, Tétano e Difteria)

É administrada em dose única, via intramuscular, como 3º reforço. Diante de surtos de coqueluche descritos nos últimos anos, recomenda-se a vacinação, especialmente para os profissionais da saúde que lidam com recém-nascidos, crianças e pacientes imunodeprimidos.

Hepatite A

Em duas doses, via intramuscular, com intervalo de zero e seis meses. Deve ser considerada para o profissional de saúde que trabalha em comunidades carentes, sem saneamento básico e com pacientes institucionalizados. Indicada na profilaxia pós exposição.

Norma regulamentadora sobre Biossegurança em Odontologia

biossegurança em odontologia mãos material

É importante salientar que, de acordo com a portaria do Ministério do Trabalho, Norma Regulamentadora 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em serviços de Saúde, no seu item 32.2.4.17, sobre a Vacinação dos Trabalhadores:

32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO.

32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.

32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço.

32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde. 32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho.

32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador, previsto na NR-07.

32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante das vacinas recebidas

Essa norma refere-se a todo trabalhador na área de saúde e, caso o mesmo se negue a tomar as vacinas, ele deve fazer uma declaração de próprio punho explicando os motivos. Esta declaração deve ficar com o empregador e serve como documentação legal.

O que é infecção cruzada em Odontologia?

biossegurança em odontologia material odontologico

Uma infecção cruzada é aquela cuja transmissão de agentes infecciosos entre pacientes e dentista acontece dentro do consultório, podendo resultar do contato de pessoa a pessoa ou do contato com objetos contaminados.

A transmissão de microrganismos de uma pessoa para outra se dá através de sangue, saliva, secreções e instrumental contaminado. Já as vias de transmissão são a inalação, ingestão e inoculação.

E é justamente para prevenir a infecção cruzada que é necessário seguir os procedimentos de Biossegurança em Odontologia relatados anteriormente.

O que é aerossol na Odontologia?

biossegurança em odontologia dentista

Na Odontologia, o aerossol é um agente líquido ou solução dispersa no ar, sob a forma de uma fina névoa, que pode permanecer flutuando por longo período de tempo. Na realidade, é uma suspensão de micropartículas sólidas ou líquidas com dimensões de 0,1 a 50 micrômetros e que penetram no organismo através das vias aérea e ocular.

O aerossol pode ser produzido durante o tratamento odontológico, principalmente pelos motores de alta e baixa rotação, raspadores ultrassônicos e pelas seringas tríplices, e podem conter sangue, saliva e secreções nasais.

Existem algumas maneiras de diminuir a produção de aerossóis em consultórios ou clínicas odontológicas. Entre elas podemos citar:

  • Colocar o paciente sempre na posição mais adequada;
  • Nunca utilizar a seringa tríplice na sua forma em névoa (spray) acionando os dois botões ao mesmo tempo;
  • Regular a saída de água de refrigeração, pois não há necessidade de exageros;
  • Usar sugador de alta potência;
  • Utilizar colutórios antimicrobianos antes do tratamento para reduzir a quantidade de microrganismos na cavidade oral;
  • Usar, sempre que possível, dique de borracha

Quais são os equipamentos de proteção individual na Odontologia?

biossegurança em odontologia mulher touca

Apesar do alto risco na prática odontológica em adquirir ou transmitir doenças infecciosas, existem meios capazes de controlar a transmissão de microrganismos patogênicos, através da adoção de medidas de controle de infecção, tais como o uso de equipamentos de proteção individual, conhecidos como EPI.

Os equipamentos de proteção individual utilizados em Odontologia e que fazem parte dos procedimentos de Biossegurança são:

  • Luvas: o uso de luvas é imprescindível sempre que houver possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções, com mucosas ou com áreas de pele não íntegra.
  • Máscaras e óculos de proteção: é fundamental o uso desses equipamentos durante a realização de procedimentos em que haja possibilidade de respingo de sangue e outros fluidos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e olhos do dentista.
  • Gorro: além de ser uma barreira mecânica contra a contaminação dos cabelos por secreções, aerossóis e outros produtos, o gorro ainda evita a queda de cabelo nas áreas de procedimento. Ele deve ser preferencialmente do tipo descartável, e precisa cobrir todo o cabelo e as orelhas.
  • Aventais: eles devem ser utilizados durante os procedimentos com possibilidade de contato com material biológico, inclusive em superfícies contaminadas. Podem ser descartáveis ou de tecido.
  • Sapatos fechados: eles servem de proteção para os pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante.

[Baixe o Protocolo da Biossegurança em Odontologia em PDF]

Conclusão

biossegurança em odontologia mulher luvas

A Biossegurança em Odontologia é essencial para reduzir o risco de contaminação por microorganismos em qualquer consultório ou clínica. É responsável por promover a segurança da saúde de todas as pessoas envolvidas no ambiente, seja profissionais e/ou pacientes.

Seguir seus procedimentos e regras corretamente, assim como descritos ao longo do texto, previne a transmissão de doenças, reduz o risco ocupacional e de infecção cruzada e ainda diminui os riscos de penalização legal e criminal perante a justiça. Daí a importância de o responsável técnico pelo local ter conhecimento profundo sobre o assunto.

Siga nas redes sociais

Inscreva-se em nossa newsletter

Receba os melhores conteúdos sobre odontologia diretamente em seu e-mail.

Posts em Destaque

Acesso rápido

Confira estes posts:

Você também pode gostar destes conteúdos

CONTATO

Entre em contato com a Equipe do Empreendedor Dentista.

Seus dados estão 100% seguros.

Inscreva-se na Newsletter

Receba conteúdos e oportunidades exclusivas do mercado de Odontologia diretamente em seu e-mail.