A fibrina é um tipo de proteína envolvida na cascata de coagulação de sangramentos. Seu papel é fundamental para conter hemorragias. Ou seja, toda cascata de coagulação depende da ação da fibrina para funcionar.
Há pouco tempo, devido às propriedades biológicas da fibrina, essa começou a ser usada nos tratamentos odontológicos. A fibrina rica em plaquetas (PRF) tem estado cada vez mais presente nos procedimentos cirúrgicos da Odontologia.
A matriz de fibrina obtida após a coleta sanguínea seguida da centrifugação possui propriedades interessantes no reparo tecidual, atuando como um reservatório bioativo de moléculas necessárias para a cicatrização de feridas e para a regeneração óssea.
Por isso, se você quiser saber mais sobre esse assunto, preparamos um texto super completo para você! Confira
O que é a fibrina?
A Fibrina é uma proteína fibrosa envolvida na cascata de coagulação de sangramentos. Ela se agrega às plaquetas formando uma camada que detém hemorragias. A fibrina é formada a partir de uma cadeia de reações dependente da ação de algumas substâncias com a trombina e o fibrinogênio.
A matriz de fibrina tem como função captar e fixar os fatores de crescimento e concentrá-los no local de lesão Esse fato faz com que as células sejam incorporadas nessa matriz através de migração de tecidos adjacentes.
As propriedades da fibrina na coagulação chamaram a atenção de dentistas, que começaram a pensar se ela não seria uma aliada nos processos de cicatrização de cirurgias odontológicas.
Estudos indicam que a fibrina rica em plaquetas (PRF) induz à proliferação, migração, adesão e diferenciação celular. Além disso, a PRF parece ter propriedades anti-inflamatórias, o que gera um potencial terapêutico na cicatrização e em cirurgias de regeneração óssea.
Fibrina é bom ou ruim?
A fibrina é necessária para o processo de coagulação normal e por isso ela é fundamental no processo de recuperação de sangramento. No entanto, como tudo na vida o seu excesso ou a sua falta pode ser prejudicial para a saúde.
O excesso de fibrina predispõe a quadros de trombose, enquanto a sua deficiência pode causar hemorragias.
Mas como os níveis de fibrina podem ser afetados? Doenças ou disfunções no fígado podem levar à diminuição na produção de fibrinogênio. Além disso, alterações genéticas e hereditárias podem gerar alterações como a afibrinogenemia e a hipofibrinogenemia. Por isso, é importante estar atento a esses tipos de alteração.
Como ocorre a formação da fibrina na ferida?
Para haver formação de fibrina deve haver alguma lesão vascular endotelial. Os componentes do sistema de coagulação envolve alguns componentes como as plaquetas, os vasos sanguíneos, as proteínas da coagulação do sangue, os anticoagulantes naturais e o sistema de fibrinólise.
Quando ocorre uma ferida esse processo desencadeia uma cascata de reações moleculares e celulares que levam ao selamento da lesão vascular com um agregado de plaquetas. A função primordial das plaquetas não é apenas estancar a hemorragia mas também colaborar para a regeneração tecidual.
Nesse processo as plaquetas geram uma grande concentração de fibrinogênio e enzimas fibrogênicas nas áreas das feridas o que libera mediadores regenerativos, principalmente fatores de crescimento.
O fibrinogênio inicia o processo de polimerização em uma rede densa de fibrina para selar a ferida. Essa matriz de fibrina tem como objetivo formar um coágulo. Esses fatores de crescimento plaquetários ativam as células vasculares promovendo a mobilização de células e o reparo tecidual.
O papel da fibrina no processo de cicatrização
A fibrina é fundamental para esse processo que acabamos. A matriz de fibrina tem como função principal captar e fixar os fatores de crescimento.
A matriz de fibrina concentra os fatores de crescimento no local de lesão, e assim fornece-lhes as células locais e estimula a migração de células a distância de tecidos adjacentes.
Ou seja, a fibrina está diretamente ligada ao processo cicatricial da lesão e liberação de substâncias anti-inflamatórias.
Particularidades da ação da fibrina em feridas na boca
As lesões bucais possuem o mesmo padrão de cicatrização de qualquer outra parte do corpo. Primeiro, o coágulo sanguíneo é formado e possui a ação fundamental de selar a ferida.
Após a etapa inicial do processo de coagulação o tecido de granulação começa a se formar na ferida e liberam fatores de crescimento, recrutam células novas e liberam substâncias anti-inflamatórias.
As células das bordas da ferida se movem sobre sua superfície em um processo conhecido como epitelização. Quando o processo de cicatrização termina, pode ficar uma cicatriz na área.
Uso da fibrina na Odontologia
Devido às propriedades anti-inflamatórias e de liberação de de fatores de crescimento sua ação chamou atenção e fez com que dentistas e cientistas pudessem pensar nessa substância para potencializar a cicatrização e regeneração tecidual em alguns tipos de tratamento odontológico. Veja abaixo:
Fibrina rica em plaquetas (PRF)
A matriz de fibrina (PRF) pode ser obtida após a coleta sanguínea seguida da centrifugação. Após sua obtenção a matriz pode ser utilizada em cirurgias de reparo ósseo ou enxertos gengivais por ser um reservatório de substâncias bioativas aumentando a cicatrização .
Sua ação no aumento do reparo tecidual e regeneração óssea já foi verificada na literatura científica. Por isso, seu uso é muito interessante na periodontia, cirurgia bucomaxilofacial e implantodontia.
No caso de ser usada como substituto para enxerto de tecido conjuntivo os resultados de trabalhos mostraram que o PRF não promove maior recobrimento radicular, por isso, não pode ser usado com esse objetivo.
Como é preparada a PRF?
Para preparar o PRF é necessário ter um treinamento e possuir uma centrífuga. É necessário realizar uma coleta de sangue no paciente. Por isso, pode ser necessário ter um técnico de enfermagem como você ou fazer um treinamento para essa função.
O protocolo para obter o PRF é simples: uma amostra de sangue é obtida sem anticoagulante em tubos de 10ml. O sangue é centrifugado a 3000 rpm (aproximadamente 400g) por 10 minutos.
Em que tipo de tratamento odontológico é utilizada a PRF?
Devido às suas propriedades biológicas o PRF pode ser utilizado em cirurgia bucomaxilofacial, periodontia e implantodontia.
O PRF pode ajudar na hemostasia, na adesão do material de enxerto e aumentar a taxa de regeneração tecidual.
A principal indicação de uso e para situações em que o crescimento e maturação óssea são necessárias como na estabilização de enxertos e na implantodontia.
A maioria dos trabalhos científicos indicam que o uso de PRF melhora de maneira significativa a regeneração óssea e a regeneração tecidual o que o torna um importante aliado para a periodontia, cirurgia bucomaxilofacial e implantodontia.
Por isso, você deve considerar saber mais sobre essa técnica e oferecê-la na sua clínica.
Conclusão
A fibrina é um tipo de proteína envolvida na cascata de coagulação de sangramentos. Seu papel é fundamental para conter hemorragias. Ou seja, toda cascata de coagulação depende da ação da fibrina para funcionar.
Por causa de suas propriedades cicatriciais e regenerativas ela chamou a atenção dos dentistas que começaram utilizar o PRF nas cirurgias, principalmente nas áreas de periodontia, cirurgia bucomaxilofacial e implantodontia.
A aplicação do PRP na clínica odontológica tem trazido resultados promissores, desde a redução do sangramento até a cicatrização mais rápida com melhor regeneração tecidual. Porém, mais estudos são necessários a fim de confirmar a eficácia do PRP em longo prazo.