Muitos de nós dentistas não conhecemos a fundo a história da nossa profissão nem algumas curiosidades sobre Odontologia. Saber sobre a nossa história é importante para nos situarmos na linha do tempo e entender o porquê de algumas práticas e condutas.
Neste texto vamos mergulhar na história da Odontologia conhecer os principais personagens e saber muitas curiosidades sobre Odontologia.
Por isso, se você quiser conhecer a fundo essa área da saúde tão linda e nobre, então, continue a leitura do texto de curiosidades sobre Odontologia!
A história da Odontologia
A Odontologia surgiu da necessidade do homem lidar com a dor ou a perda dentária. Perder dentes era um grande motivo de morte, pois impedia os animais de caçar, alimentar e dificultam a sua defesa.
Inicialmente a Odontologia era chamada de “arte dentária”. Desde os primórdios de relatos da profissão até os dias atuais a Odontologia evoluiu muito e se tornou uma das principais áreas da Ciência da Saúde.
As curiosidades sobre Odontologia
Então, vamos conhecer um pouco de curiosidades sobre a odontologia na história?
Referências a Odontologia e aos cuidados bucais datam de períodos antes de cristo (a.C). No Paquistão, em uma escavação, foram encontrados nove indivíduos com um total de 11 dentes que receberam preparos cavitários. Os cientistas puderam concluir que esses preparos foram realizados em pacientes vivos e que sobreviveram ao procedimento.
Esses vestígios de humanos datam mais de 9000 anos/a.C. Embora fosse possível identificar o preparo das cavidades não havia resíduo de nenhum tipo de material restaurador.
As primeiras referências à Odontologia no Egito datam de 3.700 a.C. Ou seja, foram encontrados manuscritos que relataram problemas bucais, como dores de dente e feridas gengivais.
Resy-Ra foi o primeiro homem a ser citado como profissional do cuidado dentário que faleceu em 2.600 a.C. Ainda no Egito Antigo acreditava-se que as lesões de cárie eram causadas pela ingestão de pães duros e vegetais fibrosos.
Além disso, outro fato interessante é que a pasta de dentes mais antiga de que se tem notícia foi desenvolvida pelos egípcios entre 3.000 mil a 5.000 anos a.C. Acredita-se que a sua composição incluía mirra, pedra-pomes, cinzas e cascas de ovos.
Os primeiros antídoto para dor de dente
Na Mesopotâmia documentos datados de 3.500 a.C é possível observar menções a um tipo de verme dentário como sendo o responsável pela destruição da estrutura dentária e pela dor de dente.
Mais tarde na Grécia Hipócrates descreveu, pela primeira vez, algumas enfermidades da Odontologia, como a cárie dentária, má-oclusão e abscessos. Tanto na Grécia quanto em Roma antiga, eram usados ossos e conchas de ostras trituradas para limpar os dentes.
Andrômaco, médico do então imperador romano Nero (37-68 d.C.), utilizava a teriaga, um antídoto para venenos, para tratar dor de dente e para outros tipos de enfermidades. O princípio ativo desse antídoto era ópio que oferecia controle da dor e dava sensação de bem estar.
Além disso, na China achados antropológicos indicam que os chineses acreditavam que a cárie era causada pelo verme dental. Portanto, para combater esse mal, a população realizava tratamentos a base de rituais mágico-religiosos.
Para tentar explicar a dor do dente que era lancinante várias teorias populares surgiram. Ou seja, as pessoas acreditavam que as cáries dentárias eram causadas pela existência de pequenos vermes ou demônios que cavavam os dentes e gengivas.
A idéia seria que esse vermes fossem semelhantes às larvas dos insetos. Sendo assim, esse pensamento permeou os antigos sumérios até às culturas indiana, japonesa, chinesa e egípcia. Essa teoria durou até meados de 1300 d.C na Europa.
Curiosidade sobre Odontologia e cirurgia de retirada de dente
Em 1363, na França, Guy de Chauliac introduziu pela primeira vez o termo: “dentista”. Além disso, é dele um tratado sobre a cirurgia, intitulado Chirurgia Magna.Guy de Chauliac foi o primeiro a utilizar as ligadura intermaxilar em fraturas e recomendava que os “dentistas” fossem os profissionais para remover os dentes.
Em 1578, na Inglaterra, a rainha Isabel 1ª relatava estar com os dentes pretos. Naquela época, o açúcar era uma verdadeira iguaria, por isso, muitas pessoas passaram a consumir o produto como um sinal de nobreza.
Apesar da constante dor de dente a rainha recusava tratamentos. Para incentivá-la a tratar, o bispo John Aylmer passou por uma cirurgia para remoção de um dente próprio, e assim mostrar a rainha que a operação era menos dolorosa do que ela temia.
Curiosidade sobre a odontologia: Pasta de dente
No século 16, a pasta de dente adotada na Inglaterra era feita a base de substâncias como pó de tijolos, porcelana e talheres triturados, além de conchas de moluscos.
Portanto, o tratamento para cárie e dor de dente se resumia a realizar extrações dentárias. Nessa época as extrações de dentes eram realizadas sem anestesia, em local público e feita por barbeiros.
Para realizar a cirurgia era utilizado um instrumento chamado “pelicano dental” e, mais tarde, uma “chave dental”, o que se equivale hoje ao nosso fórceps para a extração de dentes.
No ano de 1700 novos instrumentos surgiram para realizar a extração de dentes. Nesse período, os dentes eram extraídos com as chaves de Garangeot, alavancas rudimentares e o pelicano.
Não havia tratamento de canal e as restaurações eram feitas com chumbo. O grande desafio da Odontologia era realizar o tratamento mais rápido possível pois não havia anestesia.
Atribui-se ao empresário inglês William Addis a confecção da primeira escova de dentes, em 1780, usando ossos de vacas e pelos de javali.
No final do século 17 e no início do século 18 surgiu o dito pai da Odontologia moderna, o médico francês Pierre Fauchard. Em 1728 ele publicou o “Tratado dos dentes para os cirurgiões dentistas”.
Foi a primeira obra a descrever a anatomia oral, sintomas de patologias bucais, técnicas para remoção de cáries, restaurações e transplantes dentários. Foi então realizado um grande salto para Odontologia como ciência.
Além disso, as guerras serviram para grandes avanços médicos e na odontologia. Durante a Guerra Fria, a propaganda oficial dos Estados Unidos era afirmar que a boa saúde dental dos americanos indicava a superioridade sobre os bolcheviques.
Na União Soviética, o governo pedia para que os cidadãos escovassem os dentes pela pátria-mãe.
A Odontologia no Brasil
A Odontologia praticada no período entre a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, até a formação dos núcleos coloniais era praticamente restrita a extrações dentárias.
De acordo com historiadores somente no reinado de D. João III, surgiram os primeiros núcleos coloniais como São Vicente, fundado por Martim Affonso de Souza em 1530. e depois em 1550, com Thomé de Souza, foram fundadas as cidades de Salvador e Rio de Janeiro.
Embora houvessem poucos habitantes nesses núcleos, existiam alguns “mestres” de para todos os ofícios. Os chamados mestres cirurgiões e barbeiros. Esses profissionais realizavam pequenas cirurgia e tiravam dentes
As técnicas dos barbeiros eram rudimentares, quase não havia instrumentais e os que tinham eram inadequados. Não se dava anestesia e os procedimentos deveriam ser impiedosos e rápidos.
Os barbeiros além de realizar extrações dentárias, cortavam e penteavam os cabelos. Faziam a barba e curativos em vários tipos de machucados, além de executar cirurgias de baixa complexidade.
Os médicos tidos como físicos e cirurgiões, evitavam a tarefa de extrair dentes, alegando risco de morte, hemorragias e infecções.
Já o chamado sangrador realizava sangrias, ou seja, retirava o sangue. Essa é uma prática muito comum utilizando sanguessugas e ventosas. Tanto o barbeiro quanto o sangrador eram profissionais que agiam sem licença apesar da existência de licenças especiais dadas pelo “Cirurgião-Mor Mestre Gil” .
Era de responsabilidade do cirurgião fiscalizar cirurgia e o físico-mor a fiscalização da medicina e da farmácia (físicos, boticários e curandeiros).
Os infratores autuados, ou seja, aqueles que não tinham licenças, eram presos e multados em três marcos de ouro (segundo a norma da Carta Régia de 25 de outubro de 1448, de El-rei D. Afonso, de Portugal, dando “carta de ofício de cirurgião-mor destes reinos”).
Curiosidade sobre a odontologia: 09 de Novembro de 1929
Em 9 de novembro de 1629 houve, por meio da Carta Régia, um exame para os cirurgiões e barbeiros. Esse regimento determinava a multa de dois mil réis às pessoas que “tirassem dentes” sem licença.
Os barbeiros poderiam exercer o ofício de sangrador e tiradentes, sendo que o sangrador também poderia realizar extrações dentárias. Para receber a licença, esses profissionais tinham de provar que durante dois anos “sangraram” e fizeram as demais atividades de barbeiro.
Em 1728, na França, Pierre Fauchard revolucionou a Odontologia, inovando conhecimentos, criando técnicas e aparelhos, sendo considerado “o pai da Odontologia Moderna”.
Na mesma época no Brasil, começava a exploração do ouro no Estado de Minas Gerais. José S. C. Galhardo foi então nomeado, pela Casa Real Portuguesa, cirurgião-mor deste Estado, e passa a regulamentar os práticos da arte dentária, pela Lei de 17 de junho de 1782.
Para melhorar a forma de fiscalização do ofício nas colônias portuguesas, em lugar de físico e cirurgião-mor, foi criada a Real Junta de Proto-Medicato. A junta foi constituída por sete deputados, médicos ou cirurgiões. Caberia a eles realizar o exame e a expedição de cartas e licenciamento das “pessoas que tirassem dentes”.
Para obter esse título os barbeiros e sangradores aprendiam o ofício com um outro profissional mais experiente e tinham que provar sua prática de dois anos sob a supervisão do mesmo.
Após pagar a taxa de oito oitavos de ouro, eram submetidos ao exame perante o cirurgião substituto de Minas Gerais e dois profissionais escolhidos por este.
Período de 1746 a 1792
No período de 1746 a 1792 Joaquim José da Silva Xavier praticou a Odontologia que aprendera com seu padrinho, Sebastião Ferreira Leitão.
Segundo o Frei Raymundo de Pennaforte Joaquim Xavier ele “ Tirava com efeito, dentes com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo, que pareciam naturais”.
Nessa época os dentes eram extraídos com as chaves de Garangeot, alavancas rudimentares, e o pelicano. As restaurações eram de chumbo e realizadas sobre o tecido cariado e polpa sem se importar com as consequências desse ato.
A prótese utilizada para substituir os dentes extraídos era bem simples! Os dentes eram esculpidos em osso ou marfim. Para ficar unidos eram amarrados com fios aos dentes remanescentes. Além disso, as dentaduras eram esculpidas em marfim ou osso.
Em 7 de março de 1808, o príncipe D. João VI, sua corte e a nata da sociedade portuguesa chegavam a Salvador. Por causa da chegada da realeza houve um grande surto de progresso no núcleo colonial.
No hospital de São José, na Bahia foi fundada a Escola de Cirurgia, graças à interferência do Doutor José Correa Picanço, físico e cirurgião-mor.
Em 1820, o Doutor Picanço concedeu ao francês Doutor Eugênio Frederico Guertin, a “carta” para exercer sua profissão no Rio de Janeiro. Dr. Eugênio era formado pela Faculdade de Odontologia de Paris.
No Brasil, ele atendia a nobreza e por isso atingiu um grande status. Em 1819 ele publicou, ao que tudo indica, o primeiro livro de Odontologia do Brasil, o chamado: “Avisos Tendentes à Conservação dos Dentes e sua Substituição”.
Depois de Dr. Eugênio outros dentistas franceses vieram para o Brasil, como os doutores Celestino Le Nourrichel, Arson, Emilio Vautier e Henrique Lemale. Esses dentistas traziam conhecimento do exterior para aplicar e ensinar no Brasil.
As primeiras escolas de Odontologia no Brasil
O primeiro curso de Odontologia do Brasil foi fundado a partir do decreto do Governo imperial em 1884. Esse decreto foi assinado por D. Pedro II.
Nessa época o ensino da Odontologia foi vinculado às faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e Bahia, oferecendo um programa de três anos de duração.
No Rio de Janeiro o curso de Odontologia começou a funcionar logo após o decreto. A separação da Faculdade de Medicina para se tornar um curso único ocorreu em 1933.
A partir de 1947 o curso de Odontologia passou a ter duração de 4 anos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A primeira turma de dentistas brasileiros se formou em 1951.
Na Bahia, apesar do decreto em 1884, o curso iniciou apenas em 1891 por conta de dificuldades estruturais. A separação da faculdade de Medicina na Universidade Federal da Bahia ocorreu apenas em 1949.
A Odontologia na Idade Média
Na Idade Média a medicina era muito praticada por monges cristão. Em 1163, quando a igreja proibiu os monges de realizar cirurgias, os barbeiros passaram a fazer os “atendimentos odontológicos”.
Isso aconteceu porque os barbeiros ao cortar cabelo e barba dos monges acabaram aprendendo os ofícios da cirurgia e da medicina com eles. Alguns eram assistentes dos monges.
Com isso, os barbeiros passaram a realizar procedimentos médicos, como tirar pedras da bexiga, fazer sangrias e, também, extrair dentes. A Odontologia praticada na Idade Média se resumia a extração dentária.
Os médicos da época não realizaram extrações dentária. Eles passavam esses serviços para os barbeiros. Os barbeiros por sua vez realizavam seu ofício em domicílio, em ruas e em barbearias.
Eles utilizavam instrumental rudimentar e precário. Não havia uso de anestesia por isso as extrações dentárias eram tidas como um espetáculo que misturavam horror e diversão.
Com a falta de treinamento e de instrumentos adequados as extrações frequentemente resultavam em fraturas dentárias. Os fragmentos eram abandonados no alvéolo à própria sorte e à espera que sucessivas inflamações.
Homens e mulheres da Idade Média possuíam uma precária saúde e estética bucal pois quase sempre apresentavam dentes fraturados, cariados ou com doença periodontal.
Foi nesse período que se firmou a figura do “tiradentes” e a do médico. O primeiro tinha o ofício de extrair dentes, e ao médico cabia os cuidados de saúde geral.
A evolução da Odontologia
Desde o surgimento do pai da Odontologia moderna em 1728 a profissão evoluiu de maneira exemplar. Já em 1756, Philip Pfaff publicou o primeiro livro da Odontologia alemã o qual ensinava como realizar o preparo de modelos de gesso após uma moldagem com o intuito de confeccionar a prótese dentária.
Além disso, outra grande inovação da Odontologia foi a utilização da porcelana como material restaurador. Esse feito foi idealizado em 1788 por Nicolas Dubois De Chémant. Ele teve a idéia de confeccionar uma prótese com material que fosse inalterável.
Em 1794 John Greenwood utilizou a primeira coroa de porcelana. Já em 1840 vieram as primeiras coroas de porcelana sobre pinos que eram inseridos nas raízes dentárias.
Então, confira abaixo outros grandes saltos de evolução da Odontologia:
Cadeiras Odontológicas
A definição do consultório odontológico coincidiu com a fabricação das primeiras cadeiras confeccionadas para realizar tratamento odontológico. A mais antiga foi a utilizada nos Estados Unidos por Josiah Flagg no período de 1790 a 1812.
Nas primeiras cadeiras não existia iluminação própria. Por isso, era importante ter uma boa iluminação na sala e colocar a cadeira em local estratégico perto da janela.
A primeira Faculdade de Odontologia
No século. 19 a Odontologia se definiu como uma área da ciência, e por isso as escolas especializadas começaram a surgir. Então, veja a linha do tempo do surgimento das escolas de Odontologia:
- 1839- Fundação da Society of Dental Surgeons em Nova York;
- 1839 – Publicação da primeira revista especializada: The American Journal of Dental Science.
- 1840- Criação da primeira faculdade de Odontologia em Baltimore 1840
- 1884- Primeira Faculdade de Odontologia do Brasil vinculada ao curso de Medicina – UFRJ
- 1947- Primeiro curso de Odontologia desvinculado da Faculdade de Medicina do Brasil.
- 1951- Primeira turma de dentistas Brasileiros a se formar.
Eletricidade e Anestesia
Em 1872 a S. S. White Company lançou no mercado o primeiro motor elétrico. Esse motor foi inventado por George Green, abrindo caminho para um grande salto de desenvolvimento.
Em 1884 Koller descobriu a anestesia tópica. Depois disso as anestesias injetáveis foram sendo descobertas, utilizando a princípio a procaína.
O consultório Odontológico
Em 1892 as cadeiras odontológicas sofreram um novo avanço. Wilkerson lançou uma cadeira totalmente inovadora, na qual os movimentos da mesma não dependia de alavancas. Os movimento eram realizados por manivelas.
Além disso, as primeiras peças de mão movidas por ar foram desenvolvidas por Wilkerson que se formou em Baltimore em 1968.
Alta Rotação
O sueco Ivor Norlén patenteou nos Estados Unidos em 1956 a turbina a ar, que atingia velocidade de 70.000 RPM. De lá para cá, um pequeno avanço ocorreu na década de 1970 quando, através da utilização dos componentes de fibra ótica construídos no interior da peça de mão, a luz poderia ser direcionada para a boca do paciente.
5 Curiosidades sobre Odontologia
Agora que você já conhece a fundo a história da Odontologia, listamos para você algumas curiosidades sobre Odontologia. Confira abaixo!
As especialidades mais procuradas
Você sabe quais são as especialidades odontológicas mais buscadas na internet? Então, confira os dados extraídos da pesquisa do cloudia:
- Dentística (34,6%) – 189.190 pesquisas mensais;
- Ortodontia (19,0%) – 103.890 pesquisas mensais;
- Implantodontia (14,2%) – 77.800 pesquisas mensais;
- Prótese Dentária (11,2%) – 61.480 pesquisas mensais;
- Endodontia (7,7%) – 41.900 pesquisas mensais;
- Disfunção Têmporo-Mandibular e Dor Orofacial (6,0%) – 33.100 pesquisas mensais;
- Periodontia (4,3%) 23.800 pesquisas mensais;
- Odontopediatria (3,0%) – 16.300 pesquisas mensais.
Curiosidades sobre Odontologia: Cáries dentárias no Egito Antigo
Alguns vestígios mais antigos de cárie dentária foram encontrados em crânios no Egito Antigo. Acreditava-se que essas lesões fossem causadas pela ingestão de pães duros e vegetais fibrosos.
A explicação para dor de dente era a invasão de pequenos vermes ou demônios no interior dos dentes que acabam por cavar os tecidos, causando cavidades.
O uso de opioides como anestésicos
Os anestésicos locais são definidos como drogas que têm a função de bloquear temporariamente a condução nervosa em parte do corpo. Nos primórdios da Odontologia não existia anestesia. Os dentes deveriam ser extraídos rapidamente para evitar tamanho sofrimento aos pacientes.
O primeiro anestésico local foi utilizado por Nieman em 1860. Ele utilizou a cocaína, isolada da Erytroxycolon coca. Já no ano de 1905, Ein Horn sintetizou a procaína. Considerada a descoberta dos anestésicos locais esta substância é empregada até hoje.
Fio dental em humanos pré históricos
Restos de um suposto fio dental foram encontrados entre os dentes de humanos pré-históricos.
Já o fio dental da forma como conhecemos hoje foi inventado pelo dentista de Nova Orleans, Levi Spear Parmly em 1815. Ele começou a recomendar aos seus pacientes que utilizassem seu próprio fio dental, que na época era feito de seda.
Dentaduras no século XIX
Portanto, como vimos no texto, não existam muitos recursos odontológicos no passado. No século 19, os pacientes usavam dentes postiços arrancados de cadáveres.
Na Batalha de Waterloo, ocorrida na região onde fica a Bélgica, esse fato ficou bem conhecido. Foram retirados os dentes de 50 mil mortos para fazer dentaduras. Essas próteses ganharam o nome de “dentes de Waterloo”.
Além disso, no Brasil, as dentaduras eram constituídas de duas fileiras de dentes, esculpidas em marfim ou adaptadas em base metálica, sendo as arcadas ligadas por molas elásticas.
As próteses ao longo dos tempos
Já que a solução da Odontologia antiga era remover dentes cariados, muita criatividade foi utilizada para tentar recuperar os dentes perdidos.
Por isso, foram utilizadas próteses em formato de ponte, com dentes humanos ou de animais e até inlays em pedras semi-preciosas foram encontradas em esqueletos dos antigos maias.
Além disso, utilizavam-se vários tipos de enfeites. Já foram encontrados 50 diferentes padrões de enfeites em próteses. Muitas vezes utilizados como rituais.
As próteses primitivas eram bem rudimentares. Ou seja, eram feitas com dentes esculpidos em osso ou marfim amarrados com fios aos elementos dentários remanescentes.
As próteses totais eram esculpidas em marfim ou osso utilizando-se dentes humanos e de animais, retendo-as na boca por intermédio de molas entre uma arcada e outra.
Uma das próteses mais famosas da Odontologia foram as utilizadas pelo presidente dos Estados Unidos George Washington. Elas foram confeccionadas por seu dentista, Dr. John Greenwood. As próteses eram feitas com ouro, chumbo, marfim e dentes de diferentes animais.
Portanto, várias dessas próteses estão em exibição no Museu de Odontologia de Baltimore.
Conclusão
Portanto, a Odontologia surgiu da necessidade do homem lidar com a dor ou a perda dentária. Inicialmente a Odontologia era chamada de “arte dentária”. Desde os primórdios de relatos da profissão até os dias atuais a profissão evoluiu muito e se tornou uma das principais áreas da Ciência da Saúde.
Partindo de um passado no qual a profissão era executada por barbeiros sem qualquer treinamento, chegamos nos dias de hoje com um padrão técnico-científico elevado e de excelência que evoluiu significamente nos últimos tempos.
Conhecer curiosidades sobre a odontologia é entender a história, resgatar valores e saber onde estávamos e para onde podemos caminhar.